
A Inteligência Artificial (IA) continua a sua marcha imparável pelos serviços da Google, por vezes surgindo em locais onde os utilizadores não a solicitaram e, ocasionalmente, onde a sua aplicação parece não fazer qualquer sentido. A mais recente experiência da gigante tecnológica envolve o tratamento dos artigos no Google Discover com uma pincelada de IA, alterando os títulos originais das notícias.
Esta prática foi detetada recentemente e, para surpresa de poucos, os novos títulos gerados automaticamente nem sempre correspondem à realidade, chegando a ser enganosos ou factualmente incorretos.
Títulos reescritos e informações falsas
A publicação The Verge reparou que alguns artigos exibidos no feed do Discover apresentavam títulos gerados por IA que diferiam substancialmente dos originais escolhidos pelos autores. O problema agrava-se quando estas reescritas deturpam o conteúdo.
Um exemplo flagrante envolveu um artigo da Ars Technica sobre a Steam Machine. Enquanto o título original avisava os leitores de que o dispositivo "parece uma consola, mas não esperem que tenha o preço de uma", a versão gerada pela Google afirmava taxativamente: "Preço da Steam Machine revelado". Na realidade, nenhum custo tinha sido partilhado pela Valve, tornando o título da Google puramente ficcional e "clickbait".
Embora o conteúdo venha acompanhado de uma pequena etiqueta a indicar "Gerado com IA, que pode cometer erros", a frustração dos utilizadores e dos editores é palpável. Seria preferível evitar o uso da tecnologia nesta situação específica do que induzir o leitor em erro antes mesmo de este abrir o artigo.
Experiência de interface e o futuro do "Modo IA"
Em resposta às críticas, Mallory Deleon, representante da empresa, esclareceu que se trata de uma "pequena experiência de interface para um subconjunto de utilizadores do Discover". O objetivo declarado é testar um novo design que altera a colocação dos títulos para tornar os detalhes dos tópicos "mais fáceis de digerir". No entanto, esta abordagem levanta questões sobre a relação, já por si tensa, entre a Google e os editores online, que veem o seu conteúdo ser modificado na montra da gigante das pesquisas.
Para os utilizadores que, de facto, desejam uma maior integração de inteligência artificial, há novidades no horizonte. O vice-presidente de produto da Pesquisa Google, Robby Stein, publicou na rede social X que a empresa está a testar a acessibilidade ao "Modo IA" no mesmo ecrã que o "AI Overview". Isto sugere uma fusão mais simbiótica entre as ferramentas de pesquisa móvel e os chatbots, em vez de manter os dois serviços em separadores distintos.










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