
A transição da Google do seu antigo Assistente para o novo e poderoso Gemini nos dispositivos domésticos inteligentes não está a ser isenta de polémica. Uma das funcionalidades mais úteis e apreciadas pelos utilizadores, a "Conversa Contínua", deixou de ser gratuita e passou a estar bloqueada atrás de uma subscrição mensal de 10 dólares (aproximadamente 9,50 euros).
Esta mudança tem gerado uma onda de descontentamento na comunidade, especialmente porque afeta diretamente a fluidez da interação com os dispositivos inteligentes espalhados pela casa.
Uma conversa que agora custa dinheiro
A funcionalidade em questão, anteriormente conhecida como "Conversa Contínua" (Continued Conversation), permitia aos utilizadores emitirem comandos sequenciais ao assistente sem terem de repetir constantemente a frase de ativação "Hey Google". Era uma ferramenta essencial para quem utiliza o ecossistema da Google para controlar a casa inteligente de forma natural.
Com a migração para o Gemini, esta capacidade foi rebatizada como "Gemini Live". O problema reside no facto de que, para aceder a esta comodidade, os utilizadores têm agora de subscrever o plano Google Home Premium Standard, que custa 10 dólares por mês, ou o nível Advanced, que ascende aos 20 dólares mensais.
A alteração afeta milhões de utilizadores que viram os seus ecrãs e colunas inteligentes serem atualizados para o sistema Gemini a partir de 28 de outubro de 2025. Sem a subscrição, a experiência reverte para o modelo antigo e mais robótico: é necessário dizer a palavra de ativação antes de cada novo comando.
A frustração dos utilizadores e falhas técnicas
A reação negativa não se fez esperar. Fóruns como o Reddit e as próprias páginas de suporte da Google Nest encheram-se de críticas. Muitos utilizadores sentem-se traídos, argumentando que adquiriram os dispositivos com a promessa de que a conversação contínua fazia parte das funcionalidades base do produto. Um utilizador chegou mesmo a classificar a medida como "uma das piores decisões de produtização na história das empresas de tecnologia modernas".
Para agravar a situação, não existe uma forma simples de reverter o sistema para o antigo Google Assistant. Além disso, mesmo quem decidiu pagar pela subscrição relata problemas técnicos. O Google Home com Gemini parece priorizar o chat e a informação geral em detrimento das ações de domótica.
Vários relatos indicam que, durante uma conversa ativa no modo Live, o assistente falha na execução de comandos simples, como ajustar a iluminação ou definir temporizadores, obrigando o utilizador a sair do modo de conversação ou a repetir a palavra de ativação. Para muitos, a experiência atual representa uma regressão significativa na usabilidade.
O contexto da indústria e o futuro
Esta estratégia de monetização segue uma tendência crescente na indústria tecnológica, onde funcionalidades avançadas de Inteligência Artificial são cada vez mais exclusivas de planos pagos. Concorrentes como a OpenAI (com o ChatGPT Plus) e a Microsoft (com o Copilot Pro) adotaram modelos semelhantes.
A Google já confirmou estar ciente de alguns "bugs" onde o Gemini pede indevidamente uma subscrição para funções básicas, como definições de palavras, e prometeu correções. A empresa sublinha que o Gemini para a casa está agora disponível em milhões de lares nos EUA, com uma expansão internacional planeada para o início de 2026, segundo informações recolhidas pelo FindArticles.
Embora a conversação contínua permaneça gratuita nos smartphones e na versão web do Gemini, a restrição imposta nos dispositivos de sala de estar está a minar a confiança dos consumidores no ecossistema da gigante tecnológica.










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