
A escassez global de componentes está a atingir um novo nível de gravidade, obrigando algumas empresas do setor tecnológico a adotar medidas pouco convencionais. Devido à dificuldade em obter stock e à escalada dos preços, já existem integradores a comercializar computadores incompletos, deixando a aquisição de componentes essenciais, como a memória, a cargo do consumidor.
Uma solução drástica para a falta de stock
O cenário insólito foi trazido a público pela Paradox Customs, uma integradora de sistemas sediada em Nova Iorque. Numa comunicação recente, a empresa anunciou que irá começar a vender configurações de PC sem qualquer memória RAM instalada. A decisão surge como uma resposta direta à incapacidade de obter o componente em quantidades suficientes e a preços razoáveis, tal como explicado pela Paradox Customs através da sua conta na rede social X.

Para contornar o problema, a empresa sugere que os compradores reutilizem pentes de memória que já possuam de sistemas antigos ou que tentem adquirir o componente separadamente noutros retalhistas. Esta estratégia, embora inconveniente para o utilizador final, reflete o estado crítico da cadeia de abastecimento, onde a prioridade é conseguir entregar a máquina, mesmo que falte uma peça fundamental para o seu funcionamento.
A "culpa" é da Inteligência Artificial
A raiz desta crise de produção não é um acidente isolado, mas sim uma consequência direta do boom da Inteligência Artificial. A procura massiva por chips dedicados ao processamento de IA está a absorver recursos a um ritmo alucinante, estimando-se que a necessidade atual seja o triplo da capacidade de produção global instalada.
Perante este cenário, as grandes fábricas de semicondutores estão a redirecionar as suas linhas de montagem para priorizar os componentes de IA, que garantem margens de lucro mais elevadas. Isto cria um efeito de estrangulamento na produção de componentes tradicionais para o mercado de consumo, como é o caso da memória RAM, resultando em menos unidades disponíveis e preços mais altos nas lojas.
O impacto estende-se também a outros componentes vitais, como as placas gráficas. As previsões para o futuro próximo não são animadoras, com indicações de que gigantes como a Nvidia e a AMD poderão ser forçadas a cortar na produção ou eliminar linhas de produtos mais económicas em 2026, focando-se em segmentos onde a rentabilidade é maior.










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