
Se estava a pensar atualizar o seu computador ou comprar um novo telemóvel nos próximos tempos, prepare a carteira. A era da memória barata e abundante parece ter chegado ao fim, pelo menos por agora, e a culpa recai fortemente sobre o "boom" da Inteligência Artificial. Segundo um novo relatório da IDC, a escassez global de memória deverá persistir "bem até 2027", afetando diretamente o preço final dos dispositivos para o consumidor.
A "tempestade perfeita" nos computadores e portáteis
O mercado de computadores enfrenta o que a IDC descreve como uma "tempestade perfeita". A escassez de componentes coincide com dois momentos cruciais: o fim do suporte ao Windows 10, que obrigará muitos utilizadores e empresas a renovar o seu parque informático, e a ascensão dos PC com IA.
Grandes fabricantes como a Dell, HP, Acer e Asus já confirmaram que aumentos de preços estão a caminho. A situação é particularmente delicada para os novos computadores focados em Inteligência Artificial, como os Copilot Plus PCs da Microsoft, que exigem um mínimo de 16 GB de RAM para funcionar corretamente. Com este requisito de hardware, as marcas têm pouca margem de manobra para cortar nas especificações de forma a manter os preços baixos.
As previsões da IDC apontam para um aumento no preço médio de venda dos computadores entre 4% a 6% num cenário moderado, podendo chegar aos 8% numa perspetiva mais pessimista. A prioridade dada pelas grandes fabricantes de chips, como a Samsung, SK Hynix e Micron, ao fornecimento de memória para centros de dados de IA está a deixar o mercado de consumo em segundo plano, inflacionando os custos.
Smartphones de gama média são os mais afetados
No universo mobile, o impacto será sentido de forma desigual. As marcas que operam com margens de lucro mais apertadas e focadas no custo-benefício, como a Xiaomi, Oppo, Vivo e Honor, serão as mais pressionadas. De acordo com o relatório, estas fabricantes "não terão outra opção" senão aumentar os preços significativamente ou cortar nas especificações, uma vez que já operam com componentes otimizados ao máximo. Aliás, já se começam a notar subidas nos preços dos tablets da Xiaomi e Honor devido a este fenómeno.
Por outro lado, gigantes como a Apple e a Samsung conseguem navegar melhor nestas águas turbulentas, pois têm capacidade para garantir stock de memória com 12 a 24 meses de antecedência. No entanto, nem mesmo os topos de gama escapam ilesos: o relatório nota que modelos lançados este ano, como o iPhone 17 Pro e o Samsung Galaxy S25 Ultra, chegaram ao mercado com 12 GB de RAM, o que pode indicar um teto temporário nas especificações para controlar custos.
A IDC estima que o preço médio dos smartphones suba entre 3% a 5%, podendo atingir os 8% se a situação da cadeia de abastecimento se agravar. Com a Inteligência Artificial a devorar recursos tanto nos servidores como nos dispositivos locais, os consumidores terão de se preparar para pagar mais pela tecnologia nos próximos anos.










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