
Portugal acordou esta quarta-feira com relatos de auroras boreais, mas este espetáculo visual pode ser apenas o prelúdio de um evento tecnológico potencialmente disruptivo. O Serviço Geológico Britânico (BGS) emitiu um alerta atualizando a sua previsão geomagnética para o "nível de intensidade mais alto". A culpa é de uma "tempestade canibal" que está a caminho e que poderá ser a maior a atingir a Terra em mais de duas décadas.
Os cientistas temem que a tempestade atinja o nível máximo G5 na escala da NOAA (Space Weather Scales). O BGS alerta que esta segunda tempestade, apelidada de "canibal" por ser alimentada pela primeira, poderá "ter impactos ainda mais significativos nas tecnologias espaciais e terrestres".
O que está em risco?
O BGS é claro: os principais alvos são os sistemas de comunicação, os sistemas de posicionamento global (GPS) e as órbitas dos satélites. As tempestades geomagnéticas, causadas pela interação da atividade solar com o campo magnético da Terra, têm implicações diretas na infraestrutura energética e na navegação. O risco é tão sério que este tipo de tempestade consta como um dos principais perigos no Registo Nacional de Riscos do Reino Unido.
O espetáculo que vimos em Portugal
O primeiro sinal desta atividade solar intensa foi visível em Portugal. As auroras boreais voltaram a iluminar os céus de Norte a Sul do país durante a noite de terça-feira e a madrugada desta quarta-feira (11 e 12 de novembro). Nas redes sociais, nomeadamente na página Meteo Trás os Montes, multiplicam-se imagens captadas em Viseu, Figueira da Foz, Serra da Gardunha (Fundão e Castelo Branco) e Seia.
Este fenómeno tem sido cada vez mais frequente, e a explicação é simples: o Sol está na fase máxima do seu ciclo de 11 anos. Em 2024 e no primeiro dia de 2025, Portugal já tinha assistido a este fenómeno. As cores vistas (verde, roxo, azul ou rosa) estão relacionadas com os gases na atmosfera, como o oxigénio e o nitrogénio.
Quão certa é esta ameaça tecnológica?
O BGS ressalva que, como qualquer previsão, "não é possível afirmar com certeza qual será a magnitude exata da tempestade". Embora estas tempestades possam viajar do Sol à Terra em apenas 17 horas, também podem demorar "significativamente mais". Contudo, com base nas observações de satélite, o BGS está confiante de que "este evento será significativo".