A Polícia de Segurança Pública (PSP) emitiu um alerta sobre um esquema de burla cada vez mais frequente em Portugal: a burla do 'falso acidente'. Este método tem vindo a ganhar terreno e os números confirmam a tendência preocupante. Só no primeiro trimestre de 2025, já foram registadas 111 denúncias, um número que representa cerca de 58% do total de casos reportados durante todo o ano de 2024 (190 ocorrências).
Como funciona o esquema?
Tipicamente, os burlões abordam as vítimas, frequentemente em parques de estacionamento de grandes superfícies comerciais, no momento em que estas realizam manobras, como marcha-atrás. Alegam que o condutor embateu na sua viatura e exigem uma compensação monetária imediata pelos supostos danos. Recorrendo à manipulação e intimidação, visam sobretudo pessoas mais idosas ou vulneráveis, seja pela idade, condição de saúde ou fragilidade económica, coagindo-as a entregar dinheiro.
Variações da burla e táticas usadas
O esquema não se limita a toques entre viaturas. Por vezes, os criminosos seguem a vítima noutro carro, fazendo sinais luminosos, sonoros ou gestuais para que esta pare, abordando-a de seguida. Noutras situações, alegam um falso atropelamento, reclamando danos físicos ou materiais, como telemóveis ou óculos partidos, que teriam sido danificados na suposta colisão.
A tática principal passa por pressionar a vítima a pagar no momento, evitando chamar a polícia ou acionar os respetivos seguros, sob o pretexto de resolver a situação de forma mais célere. Para dar credibilidade ao enredo, simulam dores (no caso de atropelamento) ou mostram danos nos veículos ou objetos que, na maioria das vezes, já existiam previamente. É comum também fingirem chamadas telefónicas para oficinas ou seguradoras para obter um 'orçamento' fictício que apresentam à vítima. Recentemente, foi detetada a utilização de terminais de pagamento automático (TPA) portáteis para exigir o pagamento imediato.
Números preocupantes e locais preferidos
Os números demonstram uma escalada significativa. As 111 denúncias no início de 2025 comparam com as 190 registadas em todo o ano de 2024. A PSP adianta que 2025 deverá ser um ano de ascensão neste fenómeno criminal. Nos últimos quatro anos, a PSP contabilizou um total de 625 queixas deste crime, que só no ano passado viu um aumento de 47% face a 2023 (129 queixas).
Os burlões atuam preferencialmente entre as 10h00 e as 16h00, escolhendo locais como parques de estacionamento de superfícies comerciais e vias com pouco fluxo de trânsito, geralmente áreas que não possuem sistemas de videovigilância.
Recomendações da PSP: o que fazer?
Perante este cenário, a PSP está a reforçar não só a investigação criminal, mas também a prevenção, e deixa vários conselhos essenciais para evitar cair neste tipo de burla:
Nunca pague qualquer valor se não tiver a certeza absoluta da sua responsabilidade no alegado acidente.
Desconfie sempre de abordagens em que o outro interveniente evita contactar as autoridades ou acionar os seguros, insistindo apenas no pagamento imediato em dinheiro ou através de TPA.
Não aceite pagar através de terminais de pagamento apresentados por desconhecidos nestas circunstâncias.
Em caso de dúvida, contacte sempre as autoridades policiais (PSP ou GNR) e solicite a participação da ocorrência.
Se sentir que está a ser seguido por um veículo que lhe faz sinais para parar, não o faça em locais isolados. Procure zonas movimentadas e seguras.
Caso seja abordado, tente reter o máximo de informação sobre os suspeitos: características físicas (idade, altura, vestuário), forma de falar, bem como detalhes dos veículos (matrícula, marca, modelo) e eventuais acompanhantes.
A PSP reitera que está atenta a este fenómeno criminal e apela a todos os cidadãos para que se mantenham vigilantes e sigam estas recomendações de segurança para não se tornarem as próximas vítimas desta burla crescente.
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