Num desenvolvimento encarado como positivo, o site Mr. Deepfakes, conhecido por alojar e facilitar a criação de pornografia deepfake não consensual, encerrou definitivamente as suas operações. A notícia, avançada pelo site 404 Media, indica que o fecho se deve à perda de um fornecedor de serviços crucial para a sua manutenção.
Uma mensagem deixada na página principal do agora extinto site confirma a situação: "Um fornecedor de serviços crítico terminou o serviço permanentemente. A perda de dados tornou impossível continuar a operação". A nota acrescenta ainda que "Não iremos relançar. Qualquer website que afirme isto é falso. Este domínio irá eventualmente expirar e não somos responsáveis pelo uso futuro. Esta mensagem será removida dentro de aproximadamente uma semana."
Um Espaço para Conteúdo Ilícito e Colaboração
À medida que diversas plataformas online começaram a implementar medidas mais restritas contra a pornografia deepfake não consensual, o Mr. Deepfakes emergiu como um espaço aberto para este tipo de conteúdo. A plataforma permitia que os seus utilizadores não só carregassem vídeos, mas também que contactassem criadores para encomendar vídeos específicos. Além disso, funcionava como um fórum para colaboração em novas técnicas de criação, partilha de métodos e disponibilização de "datasets" (conjuntos de dados), tudo com o propósito de gerar material não consensual, frequentemente com uma semelhança preocupante a pessoas reais.
Identidade do Criador Permanece Incerta
A identidade da pessoa ou grupo por detrás da criação do Mr. Deepfakes mantém-se, tecnicamente, anónima. No entanto, uma investigação conduzida pelo jornal alemão Der Spiegel terá alegadamente conseguido rastrear um dos indivíduos envolvidos, identificando-o como um homem de 36 anos a residir em Toronto, no Canadá.
A Luta Legal Contra os Deepfakes Sexualmente Explícitos
O encerramento do Mr. Deepfakes acontece num contexto de crescente preocupação e ação legislativa global contra a criação e disseminação de deepfakes sexualmente explícitos e não consensuais. Recentemente, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei que criminaliza a "publicação de imagens não consensuais e sexualmente exploradoras", o que inclui explicitamente os deepfakes.
No Reino Unido, têm sido feitas várias tentativas nos últimos anos para tornar ilegal a própria criação deste tipo de conteúdo; de momento, a partilha já é considerada crime, mas a produção ainda não o é. Paralelamente, no início de 2024, a Comissão Europeia propôs novas diretivas com o objetivo de criminalizar a partilha de imagens íntimas não consensuais, uma medida que também abrange os deepfakes. O fecho do Mr. Deepfakes representa, assim, mais um passo no combate a estas práticas online ilícitas.
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