A investigação sobre o apagão que mergulhou a Península Ibérica na escuridão a 28 de abril continua a decorrer em Espanha, mas a hipótese de um ciberataque à Red Elétrica, a operadora do sistema elétrico espanhol, parece estar, para já, afastada. A garantia foi dada pela ministra espanhola com a tutela da energia, Sara Aagesen.
Investigação descarta inicialmente ataque informático à Red Elétrica
Durante um debate no parlamento espanhol, em Madrid, Sara Aagesen revelou que a comissão criada pelo executivo para apurar as causas do corte energético está a analisar os dados em três níveis: no operador do sistema, nos centros de controlo e nas instalações de geração de eletricidade. A "boa notícia", segundo a ministra, é que, após uma primeira análise, "não se encontraram indícios" de que a Red Elétrica tenha sido alvo de um ataque informático.
Esta posição contrasta ligeiramente com a postura inicial do Governo espanhol, que mantinha todas as possibilidades em aberto, apesar de Eduardo Prieto, diretor de operações da Red Elétrica, ter excluído a hipótese de ciberataque logo no dia seguinte ao incidente.
Três falhas de geração e oscilações europeias antecederam o colapso
A ministra Sara Aagesen reiterou que foram efetivamente identificadas três falhas na geração de eletricidade em Espanha meros segundos antes do apagão. A primeira falha ocorreu em Granada, a segunda em Badajoz e a terceira em Sevilha, todas localizadas no sudoeste e sul do país.
Além destas falhas no sistema de produção espanhol, a governante acrescentou um dado relevante: "houve duas oscilações do sistema ibérico com o resto do continente europeu" na meia hora que antecedeu o apagão, e estas ocorreram mesmo antes das três falhas de geração mencionadas.
Esta informação vai ao encontro do que já tinha sido divulgado no final da semana passada pela Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade (Entso-e). A entidade europeia revelou a ocorrência de "dois períodos de oscilações de potência e de frequência na zona síncrona da Europa continental" cerca de trinta minutos antes do corte de energia na Península Ibérica. Sara Aagesen sublinhou, no entanto, que é preciso "ainda determinar em que medida as duas oscilações" tiveram ligação direta com o apagão.
Milhões de dados em análise numa investigação de "extrema complexidade"
A ministra espanhola reafirmou que a investigação é um tema de "extrema complexidade", com milhões de dados fornecidos pelas operadoras do sistema elétrico espanhol a serem meticulosamente analisados para desvendar as causas do incidente inédito que afetou todo o território continental de Portugal e Espanha. Embora a origem do apagão tenha sido em território espanhol, as causas exatas permanecem uma incógnita.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, já tinha alertado, há uma semana, que a explicação para o apagão poderá demorar, dada a necessidade de analisar cerca de 756 milhões de dados.
Promessas de transparência e investigações paralelas em curso
Pedro Sánchez prometeu que o Governo espanhol irá "chegar ao fundo" da questão para descobrir o que aconteceu, "assumir e pedir responsabilidades políticas" e implementar medidas para evitar que um apagão desta magnitude se repita. "Posso assegurar que tudo que for descoberto se tornará público", afirmou o líder do executivo, reconhecendo a ânsia dos cidadãos por respostas.
Paralelamente à investigação governamental, a Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência de Espanha (CNMC) também abriu o seu próprio inquérito ao apagão, conforme anunciado pela presidente da entidade, Cani Fernández. Adicionalmente, a justiça espanhola instaurou um inquérito para investigar a possibilidade de um ataque informático ter estado na origem do corte de eletricidade, mantendo assim todas as frentes de investigação ativas.
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