
Durante décadas, a ficção científica prometeu-nos um mundo onde o trânsito deixaria de ser um problema terrestre para se tornar numa coreografia aérea. Agora, parece que estamos finalmente a dar um passo concreto nessa direção. A Alef Aeronautics, uma empresa sediada na Califórnia, confirmou que deu início à produção do seu tão aguardado "carro voador", o Model A, neste mês de dezembro de 2025.
Este marco representa o culminar de quase dez anos de desenvolvimento, trazendo para a realidade um conceito que, até agora, estava limitado a filmes como Blade Runner ou a protótipos que nunca viam a luz do dia. Segundo avançou a SlashGear, a produção arrancou após a empresa ter superado fases críticas de engenharia e segurança, embora a cadência inicial de fabrico se preveja lenta e meticulosa.
Um híbrido entre a estrada e o céu
O Alef Model A distingue-se da maioria dos projetos de mobilidade aérea urbana (UAM) por ser um verdadeiro híbrido. Ao contrário dos eVTOLs (veículos elétricos de descolagem e aterragem vertical) que funcionam apenas como táxis aéreos, o Model A foi desenhado para circular nas estradas convencionais, estacionar em lugares de estacionamento normais e, quando necessário, levantar voo verticalmente, dispensando a necessidade de pistas de descolagem.

O veículo utiliza propulsão totalmente elétrica e apresenta um design peculiar. A estrutura exterior assemelha-se a uma malha que esconde as hélices integradas, permitindo o fluxo de ar necessário para a sustentação. No modo de voo, o corpo do carro roda 90 graus para que as laterais funcionem como asas, enquanto a cabine do condutor gira independentemente para se manter estável e nivelada, criando uma experiência semelhante à de um cockpit.
Em terra, o desempenho é intencionalmente limitado, com uma velocidade máxima a rondar os 40 km/h. Esta restrição serve como um incentivo claro para que os utilizadores optem pelo modo aéreo em deslocações mais longas, mantendo o veículo seguro e compatível com zonas urbanas de baixa velocidade.
Preço e obstáculos regulatórios nos EUA
Apesar do entusiasmo tecnológico, o acesso a esta inovação continua a ser um luxo. O Model A chega ao mercado com um preço inicial de 299.000 dólares (aproximadamente 286.000 euros), valor que a Alef espera reduzir drasticamente no futuro caso consiga escalar a produção em massa. A empresa afirma já ter garantido cerca de 3.500 pré-encomendas, com os primeiros compradores a servirem essencialmente como utilizadores de teste para refinar o produto final.
No entanto, a tecnologia parece estar a avançar mais depressa do que a lei, especialmente nos EUA. A regulamentação para este tipo de veículos híbridos permanece uma zona cinzenta. Questões sobre a necessidade de licenças de piloto, a gestão do tráfego aéreo em zonas urbanas densas e a classificação legal do veículo continuam por responder, representando o maior obstáculo à adoção generalizada desta tecnologia.
A construção de cada unidade envolve atualmente meses de trabalho, combinando processos automatizados com montagem manual, garantindo que cada componente é testado individualmente antes de ser entregue aos pioneiros que decidiram apostar nesta nova era da mobilidade.










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