A Honey, uma extensão de navegador outrora popular e amplamente promovida para encontrar cupões de desconto online, viu a sua base de utilizadores diminuir consideravelmente. No final de 2024, vieram a público alegações de táticas pouco transparentes, incluindo a simples falha em cumprir o que prometia, levando a uma onda de desinstalações. A extensão, propriedade do PayPal, caiu de um pico de mais de 20 milhões de utilizadores para cerca de 15 milhões.
As acusações que abalaram a confiança na Honey
Um vídeo revelador publicado pelo canal de YouTube MegaLag expôs duas práticas problemáticas da Honey. Primeiro, a extensão estaria a apropriar-se indevidamente de créditos por vendas de afiliados, retirando-os a criadores de conteúdo e websites para benefício próprio. Contudo, o mais grave foi a revelação de que a Honey estaria a colaborar com websites para limitar os códigos de cupão que apareciam na extensão, contrariando frontalmente a funcionalidade que publicitou durante anos: encontrar os melhores descontos para os utilizadores.
O vídeo do MegaLag rapidamente se tornou viral, acumulando visualizações e gerando um debate aceso sobre as práticas da empresa.
O êxodo de utilizadores e o impacto nos números
Após a divulgação destas informações, a Honey sofreu uma perda imediata de aproximadamente 3 milhões de utilizadores apenas no Chrome, embora tenha recuperado ligeiramente pouco depois. No entanto, a tendência de queda continuou. Em março de 2025, o número de utilizadores no Chrome já tinha descido para 16 milhões e, mais recentemente, atingiu a marca dos 15 milhões.
Este valor coloca a Honey bem abaixo dos "mais de 17 milhões de membros" que ainda ostenta na sua página na Chrome Web Store. É possível que a extensão mantenha alguns milhões de utilizadores noutros navegadores como o Microsoft Edge, Safari e Firefox. Dados da Mozilla indicam cerca de 460.000 utilizadores no Firefox. A Apple não divulga estes números. A Microsoft, por sua vez, alega que a Honey tem 5 milhões de utilizadores no Edge, embora este número possa estar inflacionado devido a táticas da própria Microsoft que por vezes incluem a cópia de extensões do Chrome quando o Edge é instalado numa máquina que já o possui.
Independentemente dos números exatos nos diferentes navegadores, é evidente que a base de utilizadores está a encolher, mesmo após o impacto inicial do vídeo do MegaLag, que conta com cerca de 3 milhões de visualizações desde janeiro de 2025, se ter dissipado.
Google aperta o cerco e o futuro das extensões
Na sequência deste escândalo e de outros problemas relacionados com extensões, a Google implementou restrições mais apertadas para as extensões disponíveis na Chrome Web Store. Estas novas políticas, anunciadas em março de 2025 e com entrada em vigor prevista para junho de 2025, visam precisamente abusos como a apropriação indevida de códigos de afiliados sem benefício claro para o utilizador. Em resposta, a Honey foi forçada a efetuar alterações em algumas das suas práticas mais controversas relacionadas com os códigos de afiliados.
Este caso serve de alerta para os utilizadores sobre a importância de questionar o funcionamento das ferramentas online e para os programadores sobre a necessidade de transparência e de cumprimento das promessas feitas aos seus utilizadores.
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