A indústria automóvel, tanto nos Estados Unidos como na Europa, enfrenta a ameaça iminente de uma paralisação nas próximas semanas. O motivo? As atuais restrições impostas pela China à exportação de minerais de terras raras e ímanes, componentes cruciais para o setor. Vários fabricantes europeus de peças automóveis já terão mesmo interrompido as suas linhas de produção, de acordo com a Associação Europeia de Fornecedores Automóveis (CLEPA).
O rastilho da crise: restrições de Pequim em foco
No início de abril, a China implementou controlos rigorosos sobre a exportação destes materiais vitais. Esta medida surgiu no contexto de um escalar de tensões comerciais, nomeadamente como uma resposta às novas tarifas anunciadas pela administração de Donald Trump. Embora grande parte dessas tarifas norte-americanas tenha sido, entretanto, suspensa temporariamente, as restrições chinesas à exportação de terras raras permanecem em vigor a nível global. Este cenário é particularmente preocupante, dado que se estima que a China controle mais de 90% de toda a cadeia de abastecimento de terras raras.
Um mercado dominado e licenças a conta-gotas
As empresas que pretendam exportar estes materiais necessitam agora de uma licença específica, um documento que se tem revelado difícil de obter. O Nikkei avança que apenas cerca de 25% dos pedidos de licenciamento terão sido aprovados. Esta situação está já a ter um efeito dominó: segundo o The New York Times, alguns fabricantes de ímanes na própria China terão suspendido a produção enquanto aguardam pela retoma das exportações, o que poderá agravar ainda mais a escassez no futuro.
Impacto transversal: dos elétricos aos bancos do carro
Esta escassez representa um problema para múltiplas indústrias, incluindo a robótica e o setor da defesa, mas são os fabricantes de automóveis que se encontram numa posição de particular vulnerabilidade. Os ímanes de terras raras são essenciais para os motores de veículos híbridos e elétricos (VE), mas a sua aplicação estende-se a uma vasta gama de componentes, desde conversores catalíticos até aos próprios assentos dos carros. O The Times relata que executivos da indústria automóvel norte-americana já alertam para a possibilidade de cortes na produção dentro de poucas semanas.
Europa em alerta: Fornecedores já sentem o aperto e pedem diálogo
Na Europa, o cenário não é mais animador. Após um primeiro aviso na semana passada, diversos fornecedores de componentes automóveis já começaram a interromper a sua atividade. Benjamin Krieger, secretário-geral da CLEPA, expressou a sua preocupação num comunicado: "Com uma cadeia de abastecimento global profundamente interligada, as restrições à exportação da China já estão a paralisar a produção no setor de fornecedores da Europa".
Krieger apelou urgentemente "tanto às autoridades da UE como às chinesas para que encetem um diálogo construtivo, de modo a garantir que o processo de licenciamento seja transparente, proporcional e alinhado com as normas internacionais".
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