Passaram três anos desde que a Apple apresentou ao mundo a sua visão para o futuro do automóvel: uma nova geração do CarPlay capaz de assumir o controlo de todos os ecrãs do veículo. A promessa era grandiosa, mas a realidade tem-se mostrado bem mais complicada. O lançamento, inicialmente previsto para 2024, não se concretizou e, em pleno 2025, a lista de carros compatíveis continua praticamente vazia.
A Aston Martin quebrou o silêncio no mês passado, anunciando que iria, finalmente, integrar esta nova versão do sistema. Contudo, parece ser uma exceção num mercado cada vez mais hesitante.
A debandada dos parceiros originais
O entusiasmo inicial de várias marcas parece ter desaparecido. De acordo com uma nova reportagem do Financial Times, muitos dos fabricantes que a Apple tinha anunciado como parceiros de lançamento simplesmente não têm planos para adotar a tecnologia. Nomes de peso como a Mercedes-Benz, Audi, Polestar e Volvo estão nesta lista de desistentes.
A Renault, outra das marcas originalmente listadas, terá mesmo enviado uma mensagem clara à gigante de Cupertino, afirmando que esta não deveria "tentar invadir os nossos próprios sistemas". A Ford e a Nissan, juntamente com as suas marcas de luxo, também constavam do anúncio inicial, mas, quando questionadas pela publicação, declararam não ter novidades para partilhar sobre o assunto.
O controlo (e o dinheiro) do ecrã é a chave
A relutância dos construtores não se deve a uma tentativa de reinventar os seus sistemas de infotainment, mas sim a uma questão estratégica fundamental: o controlo. Nos veículos modernos, os ecrãs são a principal interface com o utilizador e representam uma oportunidade de negócio e monetização que as marcas ainda estão a explorar. Ceder o controlo total à Apple significa abdicar dessa potencial fonte de receita.
A General Motors representa o caso mais extremo desta tendência, tendo decidido abandonar completamente a integração do CarPlay nos seus novos veículos elétricos.
Nem tudo está perdido: há quem aposte na Apple
Apesar da forte resistência, a visão da Apple não foi totalmente abandonada. A Porsche mantém-se firme na sua intenção de oferecer a nova geração do CarPlay nos seus futuros modelos.
Curiosamente, o apoio também vem de onde menos se esperava. A Kia, a Hyundai e a Genesis, que não faziam parte do anúncio original da Apple, confirmaram ao Financial Times que os seus automóveis irão integrar a tecnologia, mostrando que ainda há fabricantes dispostos a dar essa escolha aos seus clientes.
No final, o poder poderá estar nas mãos dos consumidores. Se um número suficiente de pessoas demonstrar interesse no novo CarPlay, a pressão do mercado poderá não deixar outra opção às marcas mais resistentes. A Apple já domina a batalha do infotainment e, a julgar pela sua popularidade, é provável que continue a vencer.
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