A Ubisoft acaba de lançar uma atualização controversa ao seu Contrato de Licença de Utilizador Final (EULA), intensificando o debate sobre a propriedade de videojogos na era digital. Depois de ter afirmado que os jogadores não são donos dos títulos que adquirem, a gigante dos videojogos estipula agora que os utilizadores são obrigados a desinstalar e destruir todas as cópias de um jogo caso a empresa decida descontinuar o seu suporte.
A nova e polémica política da Ubisoft
A alteração, detalhada no Contrato de Licença de Utilizador Final (EULA) da empresa, concede à Ubisoft e aos seus licenciadores o poder de terminar o suporte a qualquer título "a qualquer momento, por qualquer motivo". Caso isto aconteça, o contrato é claro: o utilizador "deverá desinstalar imediatamente o produto e destruir todas as cópias em sua posse".
Esta medida está a gerar uma onda de preocupação entre a comunidade de jogadores. Na prática, a Ubisoft ganha uma ferramenta legal para encerrar o acesso a jogos sem necessidade de grandes justificações, protegendo-se de potenciais implicações legais ou financeiras ligadas à manutenção de produtos que já não são rentáveis.
O que isto significa para os jogadores?
A abrangência da cláusula "a qualquer momento, por qualquer motivo" é o que mais tem alimentado a discussão, conforme avançado pelo portal Tech4Gamers. Muitos jogos modernos, incluindo os que têm modos a solo, dependem de autenticação online para funcionar. Se a Ubisoft decidir desligar os servidores de um jogo, este pode tornar-se completamente inacessível, independentemente de o jogador possuir uma cópia física ou digital.
Para agravar a situação, o EULA atualizado contém uma secção que permite à Ubisoft modificar um produto "por qualquer motivo ou sem qualquer motivo específico". Se um jogador não concordar com as alterações impostas, a única solução apresentada pela empresa é a mesma: destruir as suas cópias do jogo.
Uma manobra de uma empresa em dificuldades?
A Ubisoft tem navegado em águas turbulentas nos últimos anos. A empresa enfrenta críticas constantes por parte dos seus fãs devido a decisões de gestão, modelos de negócio agressivos e a qualidade questionável de alguns dos seus lançamentos mais recentes. O valor de mercado da companhia sofreu uma queda acentuada nos últimos cinco anos, o que levou a um acordo estratégico com a Tencent, uma das maiores editoras de jogos do mundo.
Este cenário económico e de reputação fragilizada sugere que a nova política do EULA poderá ser uma estratégia defensiva. Ao fortalecer a sua posição jurídica, a Ubisoft tenta precaver-se contra futuras disputas relacionadas com o encerramento de serviços ou a perda de acesso a títulos mais antigos, blindando-se legalmente perante os seus consumidores.
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