A Porsche anunciou uma mudança de estratégia significativa para a sua unidade Cellforce em Kirchentellinsfurt, na Alemanha. O ambicioso projeto para a produção de baterias de alta performance na Europa foi cancelado, com a fábrica a passar a dedicar-se exclusivamente à investigação e desenvolvimento (I&D).
As razões por trás da mudança de rumo
A decisão foi justificada por Oliver Blume, diretor-executivo da marca, que apontou para "condições desafiantes, particularmente nos nossos principais mercados, e no ainda pouco desenvolvido segmento de luxo elétrico da China". A fraca procura por veículos elétricos de gama alta, juntamente com a ausência de economias de escala, tornaram o plano de produção em massa inviável.
O plano original para a fábrica, construída em 2022, era operar como uma "start-up" com uma capacidade de produção de cerca de 1 GWh, que seria posteriormente expandida. Contudo, Michael Steiner, responsável de I&D da Porsche, admitiu que essa visão, "na perspetiva de hoje em dia, não é realista". Steiner acrescentou que, embora "o Grupo Cellforce foi bem-sucedido no desenvolvimento de células de alta performance e na produção piloto, não é possível passar para a produção em massa".
O futuro elétrico não fica em pausa
Apesar deste recuo estratégico, a Porsche garante que a aposta na mobilidade elétrica se mantém como um pilar essencial. A marca continuará a investir no desenvolvimento de baterias de alta performance, utilizando a Cellforce como um centro de I&D independente e aproveitando a tecnologia da V4Smart, recentemente adquirida à VARTA. Esta abordagem assegura que os futuros desportivos da marca, e potencialmente outros modelos do Grupo Volkswagen, terão acesso a tecnologia de baterias própria e de vanguarda.
"A mobilidade elétrica continua a ser uma tecnologia de condução essencial para os nossos carros desportivos do futuro", reforçou Oliver Blume no comunicado.
Impacto nos postos de trabalho
Esta reorganização terá, no entanto, um custo humano significativo. De acordo com informações avançadas por uma fonte da marca à Reuters, dos cerca de 300 postos de trabalho existentes na Cellforce, espera-se que 200 venham a ser cortados.
A Porsche assegura que o processo será conduzido "de forma socialmente responsável". A PowerCo, empresa de baterias do Grupo Volkswagen, já se disponibilizou para integrar alguns dos colaboradores afetados pela reestruturação.
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