
A Experian, uma das maiores empresas de análise de crédito e dados do mundo, foi condenada a pagar uma multa de 2,7 milhões de euros na Holanda devido a múltiplas e graves violações do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD). A decisão da autoridade holandesa levou a uma consequência drástica: a empresa cessou as suas operações no país e vai apagar a sua vasta base de dados sobre os cidadãos.
A gigante de análise de dados, que opera em mais de 40 países e é frequentemente contratada para ajudar a mitigar os riscos financeiros após fugas de dados, viu-se no centro de uma investigação após várias queixas de consumidores.
A recolha de dados massiva e ilegal na origem do problema
A investigação da Autoridade Holandesa de Proteção de Dados (Autoriteit Persoonsgegevens - AP) concluiu que a Experian utilizou indevidamente dados pessoais recolhidos de várias fontes, tanto públicas como privadas, sem nunca informar os respetivos titulares.
Para construir os seus perfis de crédito, a empresa recolheu informações de fontes como o registo comercial da Câmara de Comércio, bem como de empresas de telecomunicações e energia que vendiam os dados dos seus clientes. Com esta informação, a Experian criou uma enorme base de dados com informações chave sobre "um vasto número de pessoas na Holanda", sem o seu conhecimento ou consentimento.
Estas violações de privacidade são uma afronta direta aos princípios do RGPD, que exige transparência e uma base legal para o tratamento de dados pessoais.
Consumidores apanhados na 'lista negra' sem saberem
Os problemas começaram a surgir quando vários cidadãos se queixaram de não conseguir pagar as suas prestações ou de serem obrigados a pagar depósitos elevados ao mudar de fornecedor de energia. A origem estava nas pontuações de crédito que a Experian fornecia a vendedores e prestadores de serviços, que influenciavam diretamente as taxas de juro e os depósitos iniciais exigidos.
"Como as pessoas não tinham conhecimento da verificação de crédito, não podiam verificar a tempo se a informação utilizada era exata", explicou Aleid Wolfsen, presidente da AP. Esta falta de transparência impediu os consumidores de exercerem os seus direitos e de corrigirem informações potencialmente incorretas que os estavam a prejudicar financeiramente.
Experian aceita a culpa e apaga os dados
Perante as conclusões da autoridade, a Experian reconheceu a natureza ilegal das suas atividades e anunciou que não irá recorrer da decisão. A empresa, que fornecia avaliações de crédito sobre indivíduos aos seus clientes até 1 de janeiro de 2025, já cessou todas as operações no país.
Além da multa milionária, a Experian Netherlands comprometeu-se a apagar toda a sua base de dados de informações pessoais antes do final do ano, pondo um ponto final definitivo nas suas controversas atividades no mercado holandês e reforçando a importância da segurança dos dados dos consumidores.











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