
Enquanto o debate sobre uma possível bolha na Inteligência Artificial divide opiniões em Silicon Valley, a liderança da gigante chinesa Alibaba parece não ter dúvidas sobre o caminho a seguir. Eddie Wu, CEO da empresa, afastou recentemente os receios de um sobreaquecimento do mercado, afirmando que a procura por tecnologia de IA continua a superar largamente a oferta global.
Durante a apresentação de resultados do segundo trimestre fiscal, Wu foi perentório ao afirmar que a empresa "não vê realmente muito problema em termos da chamada bolha de IA". Pelo contrário, o executivo sublinhou que a Alibaba não está sequer a conseguir acompanhar o crescimento da procura por parte dos clientes, alertando que o ritmo de implementação de novos servidores é, atualmente, insuficiente.
Segundo as declarações citadas pelo Business Insider, Wu prevê que, nos próximos três anos, os recursos de computação para IA continuarão em escassez. Para o líder da tecnológica, este aumento não é fruto de "hype", mas sim de uma adoção real da tecnologia em diversos setores da economia, desde o desenvolvimento de produtos a processos de fabrico.
Investimento agressivo apesar da quebra nos lucros
Os resultados financeiros apresentados refletem esta aposta total na infraestrutura de nova geração. A Alibaba reportou uma receita de 247,8 mil milhões de yuans (aproximadamente 32,4 mil milhões de euros) para o trimestre terminado em 30 de setembro, o que representa um aumento de 5% em relação ao ano anterior.
No entanto, o lucro líquido sofreu uma queda abrupta de 53%, fixando-se nos 20,6 mil milhões de yuans (cerca de 2,7 mil milhões de euros). Esta descida é atribuída diretamente ao aumento das despesas operacionais e ao investimento massivo em IA e na área do comércio eletrónico.
A divisão de nuvem, que abriga a plataforma Qwen da empresa, foi o motor de crescimento, registando uma subida de 34% nas receitas. Wu destacou ainda que a aplicação Qwen, lançada na semana anterior à apresentação de resultados, ultrapassou os 10 milhões de downloads logo na sua primeira semana.
O CEO reforçou que a empresa planeia investir "agressivamente" para satisfazer a procura. Embora a Alibaba tenha anunciado em fevereiro um plano de investimento de 380 mil milhões de yuans (cerca de 49,7 mil milhões de euros) em infraestrutura de IA para os próximos três anos, Wu sugeriu que esse valor "poderá ser pequeno" face às necessidades reais.
Visões divergentes no mundo da tecnologia
A postura otimista de Eddie Wu contrasta ligeiramente com a cautela demonstrada anteriormente pelo presidente da Alibaba, Joe Tsai, que em março tinha mencionado ver o "início de algum tipo de bolha".
O debate estende-se a todo o setor tecnológico. Grandes empresas como a Microsoft, Amazon, Google e Meta têm previsto um gasto coletivo de cerca de 303 mil milhões de euros em despesas de capital este ano, numa corrida para expandir as suas infraestruturas de IA.
Do outro lado do espectro, Jensen Huang, CEO da Nvidia, também rejeitou recentemente a ideia de uma bolha, afirmando ver algo "muito diferente" do seu ponto de vista privilegiado na cadeia de abastecimento. Já Sam Altman, da OpenAI, adotou uma postura mais matizada em agosto, reconhecendo que, embora os investidores possam estar "excitados demais" a curto prazo, a IA continua a ser, na sua opinião, a tecnologia mais importante das últimas décadas.










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