
Numa declaração surpreendente, o presidente chinês, Xi Jinping, questionou abertamente a corrida desenfreada ao investimento nos setores da inteligência artificial (IA) e dos veículos elétricos. Numa altura em que a economia chinesa enfrenta receios de deflação e a intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos, o país tem apostado nestas indústrias de rápido crescimento para manter a sua competitividade. Contudo, o próprio líder do país parece agora apontar falhas a essa estratégia.
Um aviso contra o desenvolvimento apressado e o endividamento
Segundo avança o Financial Times, o presidente chinês enviou uma mensagem direta sobre o perigo do sobre-investimento durante a Conferência Central de Trabalho Urbano, em Pequim. Num discurso que mereceu a primeira página do People’s Daily, o jornal oficial do Partido Comunista, Xi foi claro.
"No que toca a projetos, há algumas áreas em destaque — inteligência artificial, poder de computação e veículos de nova energia", afirmou, lançando de seguida a questão: "Será que todas as províncias do país têm de desenvolver indústrias nestas direções?".
Xi Jinping aproveitou ainda para criticar os oficiais que incentivam um desenvolvimento apressado sem ponderar as consequências a longo prazo. "Não devemos focar-nos apenas no crescimento do PIB ou nos grandes projetos construídos, mas também na dívida que é acumulada", disse aos participantes da conferência. "Não devemos permitir que alguns passem a responsabilidade e deixem os problemas para as gerações futuras."
Apesar do alerta, os negócios continuam a avançar
Apesar das palavras do presidente, nada sugere que a China esteja a travar o seu ímpeto nestes setores. Prova disso é que, esta semana, a NVIDIA recebeu autorização do governo dos EUA para retomar a venda dos seus chips de IA à China, tendo alegadamente 8 mil milhões de dólares em encomendas por enviar. A venda do GPU H20 AI tinha sido inicialmente bloqueada por receios de que pudesse ser utilizado para fins militares pela nação asiática.
A China continua a ser o líder global na indústria de veículos elétricos e compete diretamente com os EUA na corrida dos robotáxis. Foi anunciado também esta semana que a Uber irá estabelecer uma parceria com a gigante chinesa Baidu. O acordo prevê a integração de milhares de veículos autónomos Apollo Go, da Baidu, na rede da Uber na China continental e noutros mercados fora dos Estados Unidos.










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