
A HP Inc. anunciou esta terça-feira um plano de reestruturação significativo que prevê a redução de 4.000 a 6.000 postos de trabalho a nível global até ao ano fiscal de 2028. Esta medida insere-se num esforço mais vasto da empresa para simplificar as suas operações, acelerar a adoção de inteligência artificial, impulsionar o desenvolvimento de produtos e melhorar a produtividade.
O anúncio surge apenas um dia depois de a Apple ter revelado cortes na sua equipa de vendas, numa altura em que o setor tecnológico continua a ajustar as suas estruturas laborais. Embora a criadora do iPhone não tenha especificado o número exato de saídas, foram eliminados vários cargos importantes.
Poupança de mil milhões e a reestruturação interna
O CEO da HP, Enrique Lores, esclareceu que as reduções de pessoal vão afetar principalmente as equipas ligadas ao desenvolvimento de produtos, operações internas e apoio ao cliente. "Esperamos que esta iniciativa gere uma poupança de mil milhões de dólares (cerca de 950 milhões de euros) em taxas brutas de execução ao longo de três anos", afirmou o executivo. Esta não é a primeira vaga de despedimentos da empresa este ano, que já tinha dispensado entre 1.000 a 2.000 funcionários em fevereiro, ao abrigo de outro plano de reestruturação.
Até 31 de outubro de 2024, a HP contava com cerca de 58.000 colaboradores, o que significa que este novo plano poderá afetar entre 10% a 12% da sua força de trabalho total.
No que toca às previsões financeiras, a empresa espera um lucro ajustado por ação entre 2,90 e 3,20 dólares para o ano fiscal de 2026, valores ligeiramente abaixo das expectativas dos analistas. No quarto trimestre, a HP reportou receitas de 14,64 mil milhões de dólares, superando as estimativas de mercado.
A aposta nos PCs com IA e o desafio dos componentes
A empresa destacou que a procura por computadores equipados com inteligência artificial continua a crescer. No último trimestre, mais de 30% das remessas da HP corresponderam a dispositivos preparados para IA.
No entanto, o setor enfrenta ventos contrários. Tanto a HP como outras empresas tecnológicas, como a Dell e a Acer, poderão enfrentar custos mais elevados devido ao aumento dos preços dos chips de memória. Esta subida é impulsionada pela forte procura dos centros de dados e pela concorrência no mercado de servidores, afetando principalmente as memórias DRAM e NAND.
Enrique Lores alertou que estes preços mais elevados deverão impactar a segunda metade do ano fiscal de 2026, embora a empresa garanta ter stock suficiente para gerir a primeira metade do ano.
Uma tendência transversal no setor tecnológico
O ano de 2025 tem sido marcado por um aumento dramático nos despedimentos no setor tecnológico, com as grandes empresas a reduzirem os seus quadros no meio de incertezas económicas e reestruturações focadas na IA.
A Amazon planeia cortar até 30.000 empregos, afetando áreas corporativas, recursos humanos e a divisão AWS. A Microsoft despediu cerca de 6.000 funcionários, o equivalente a 3% da sua força de trabalho, abrangendo várias unidades de negócio, incluindo o LinkedIn. Também a Google passou por várias rondas de despedimentos, eliminando mais de 100 funções nas divisões de design e cloud.
No total, o setor tecnológico já registou mais de 100.000 despedimentos este ano, segundo dados citados pela CNN.










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