A febre das compras atingiu um novo patamar este ano. Os consumidores norte-americanos gastaram a impressionante quantia de 11,8 mil milhões de dólares em compras online durante a Black Friday, estabelecendo um novo recorde histórico, de acordo com os dados revelados pela Adobe Analytics.
Este valor representa um salto significativo em relação aos 10,8 mil milhões de dólares registados em 2024. A monitorização da Adobe, que acompanha mais de um bilião de visitas a sites de retalho nos EUA, destaca que o comércio eletrónico consolidou-se como a preferência dominante, com muitos utilizadores a optarem pelo conforto do lar em vez das filas nas lojas. O pico de tráfego foi avassalador: entre as 10h00 e as 14h00, os consumidores estavam a gastar, supostamente, 12,5 milhões de dólares por minuto.
E a maratona de descontos ainda não terminou. As projeções indicam que a Cyber Monday, que acontece já no dia 1 de dezembro, será ainda maior, com uma estimativa de gastos na ordem dos 14,2 mil milhões de dólares, segundo reporta a Reuters. No total, a Adobe prevê que a temporada de festas deste ano movimente 253,4 mil milhões de dólares, ultrapassando os 241,1 mil milhões do ano anterior.
O peso da inflação e o papel da Inteligência Artificial
Apesar dos números astronómicos, uma análise mais detalhada sugere que nem tudo se resume a um aumento do consumo desenfreado. Dados da Salesforce, que monitorizou 79 mil milhões de dólares em gastos globais na sexta-feira (com 18 mil milhões apenas nos EUA), indicam que o crescimento dos valores pode estar mascarado pela inflação.
A empresa aponta que, embora os gastos nos EUA tenham subido 3% em relação ao ano anterior, os preços aumentaram em média 7%, enquanto o volume de encomendas caiu, na verdade, 1%. Isto sugere que os consumidores estão a pagar mais por menos produtos.
Outro fator de destaque este ano foi a influência tecnológica. Tanto a Adobe como a Salesforce identificaram um impacto crescente da IA nas decisões de compra. A Salesforce afirma que, entre o Dia de Ação de Graças e a Black Friday, a Inteligência Artificial e os agentes de IA influenciaram cerca de 22 mil milhões de dólares em vendas globais, embora a definição exata dessa influência permaneça abrangente.
Lojas físicas com resultados mistos
Enquanto o mundo digital celebra recordes, o cenário nas lojas físicas apresenta-se mais incerto e com dados contraditórios. A transição para o online parece continuar a afetar o comércio tradicional, mas não de forma linear.
Segundo informações recolhidas pela Forbes, a RetailNext indica que o tráfego nas lojas físicas caiu 3,4% a nível nacional. No entanto, em contraste, a Pass_by reportou um aumento geral de 1,17% na afluência, com os grandes armazéns a registarem uma subida surpreendente de 7,9%. Estes números díspares sugerem que, embora o online seja o grande vencedor, o retalho físico ainda mantém a sua atratividade para segmentos específicos de consumidores que não dispensam a experiência presencial.
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