
A tecnologia de preços dinâmicos, que ajusta o valor dos produtos em tempo real com base na procura e outros fatores, é uma das imagens de marca do comércio eletrónico moderno. No entanto, um novo relatório indica que esta prática está a custar milhões aos cofres públicos, especificamente aos distritos escolares, que acabam por pagar a conta de um algoritmo imprevisível.
De acordo com um estudo recente do Institute for Local Self-Reliance (ILSR), as escolas estão a pagar, em média, mais 17% por material escolar básico ao utilizarem a Amazon Business, em comparação com os métodos tradicionais de contratação. Ao contrário dos contratos fixos negociados com fornecedores locais, que garantem preços estáveis durante um período determinado, o modelo da gigante tecnológica deixa as instituições à mercê de oscilações de preços repentinas e, muitas vezes, drásticas.
Flutuações de preços inexplicáveis
O relatório destaca a falta de transparência sobre como estes preços são calculados, apontando casos concretos onde a disparidade é alarmante. Um dos exemplos mais flagrantes envolveu a compra de uma caixa de 12 marcadores da marca Sharpie: um funcionário da cidade de Boulder, no Colorado, conseguiu adquirir o produto por 8,99 dólares. No entanto, no mesmo dia, um funcionário das Escolas Públicas de Denver, uma localidade vizinha, pagou 28,63 dólares pelo exato mesmo artigo.
Estas inconsistências não são casos isolados. O documento cita flutuações semelhantes em produtos essenciais para o dia a dia escolar, como marcadores de quadro branco Expo, lenços de papel Kleenex e cola escolar Elmer’s. Segundo a análise do ILSR, quanto mais frequente é a encomenda de um produto, maior parece ser a volatilidade do seu preço. Entre os 100 produtos mais encomendados, a diferença entre o preço mais alto e o mais baixo cobrado pela Amazon chegou a atingir, em média, os 136%.
O impacto na concorrência local
Para além do custo direto, o relatório sublinha um efeito colateral preocupante: a redução da concorrência. A predominância da Amazon no setor de fornecimento para escritórios e escolas tem dizimado os fornecedores independentes. Na última década, o número destes fornecedores caiu de 1.300 para apenas 900.
Curiosamente, a ideia de que a gigante tecnológica é sempre a opção mais barata é contestada pelos dados quando se trata deste tipo de fornecimento institucional. Uma comparação de preços em materiais escolares comuns revelou que os fornecedores independentes conseguiram apresentar valores mais baixos do que a Amazon em 68% dos produtos analisados.
Embora outros estudos indiquem que a Amazon apresenta preços cerca de 14% inferiores aos de outros grandes retalhistas norte-americanos para o consumidor comum, essa lógica não se aplica necessariamente ao setor público. As escolas e governos locais perdem a vantagem dos descontos de quantidade negociados e da estabilidade de preços, ficando expostos aos picos de valor gerados pelos algoritmos de precificação dinâmica.