
Quem lidera o mercado dita as regras, e no mundo dos semicondutores, a TSMC está a provar exatamente isso. A gigante de Taiwan transformou a sua supremacia tecnológica em resultados financeiros impressionantes, com um aumento substancial no custo dos seus componentes essenciais.
De acordo com os dados partilhados pela SemiAnalysis, a estratégia da empresa mudou radicalmente na última década. Entre 2019 e 2025, o preço médio de venda dos wafers (as bolachas de silício onde são impressos os chips) aumentou cerca de 15,9% ao ano. Mais impressionante ainda é o impacto na rentabilidade: as margens de lucro bruto por wafer subiram 3,3 vezes durante o ano de 2025.
Este cenário contrasta com a década anterior, onde a fabricante operava com lucros mínimos para ganhar quota de mercado e afastar a concorrência. Agora, confortavelmente instalada no trono, a empresa está a colher os frutos desse investimento a longo prazo.
Uma viragem histórica na indústria
Para compreender este domínio, é preciso olhar para o retrovisor. Desde a sua fundação em 1987 até meados de 2010, a TSMC era um "player" importante, mas não o líder indiscutível. Nessa altura, nomes como a Intel e a IBM detinham as posições de destaque na inovação e produção.
A grande mudança começou a desenhar-se em 2008 com a criação da "Open Innovation Platform" (OIP), que permitiu unir designers de chips e criadores de ferramentas num ecossistema comum. No entanto, foi a aposta na litografia ultravioleta extrema (EUV), iniciada em 2019, que cimentou a posição da TSMC como a fábrica do mundo tecnológico. Com uma capacidade de produção robusta, a empresa espera manter este ritmo de crescimento e preços elevados nos próximos anos.
A resposta da concorrência
Apesar desta hegemonia, o mercado não está estático e as rivais procuram recuperar o tempo perdido. A sul-coreana Samsung continua a ser a principal ameaça ao domínio de Taiwan, investindo fortemente para fechar o fosso tecnológico.
A empresa lançou recentemente o seu primeiro chip com processo de fabrico de 2 nm, o Exynos 2600, demonstrando que a batalha pela litografia mais avançada continua acesa. Além disso, a Samsung tem planos ambiciosos para escalar a sua produção em solo americano, tentando preencher as lacunas deixadas pela rival e oferecer uma alternativa viável às grandes tecnológicas que dependem destes componentes.
Para quem não está familiarizado com o termo técnico, um "wafer" é uma fina fatia de material semicondutor, normalmente silício ultra puro, que serve de base para a construção de múltiplos circuitos integrados. É, essencialmente, a "tela" onde a arte da microprocessamento é desenhada.