Ao longo dos anos têm vindo a surgir vários casos de empresas fabricantes de smartphones que, sobre o uso de várias técnicas, tentam aumentar o desempenho final dos seus dispositivos quando executados programas de benchmark. Agora surgem relatos que a própria MediaTek, uma das grandes fabricantes de processadores para dispositivos moveis da atualidade, também pode ter realizado estas práticas nos últimos tempos.
De acordo com as analises feitas pelo portal Anandtech, foi revelado que a MediaTek tem vindo a impulsionar o desempenho do seu processador Helio P95 – nomeadamente quando utilizado em conjunto com o Oppo Reno 3 Pro – durante os testes feitos em aplicações de benchmark. O objetivo final é claro: fazer com que o resultado destes testes apresente um desempenho superior ao que seria de esperar durante o uso regular dos equipamentos.
As suspeitas começaram quando os testes feitos por este portal revelaram que o Reno 3 Pro, com a variante do Helio P95, estava a atingir resultados mais elevados que o Snapdragon 765G do modelo Oppo Reno 3 da China, quando realizados os testes sobre a aplicação PCMark.
Isto será de estranhar uma vez que o Helio P95 é quase duas gerações anterior ao Snapdragon 765G, além de ter menos cores Cortex para tarefas de maior desempenho.
Com recurso a uma versão “escondida” do PCMark, que tenta ocultar o teste feito sobre este género de casos para que não seja identificada como uma aplicação de benchmark, revela que o Reno 3 Pro com o Helio P95 pode atingir até menos 30% de desempenho “fora” dos benchmarks. Em alguns dos testes realizados este valor pode mesmo chegar aos 75% de perda de desempenho final.
Quando o mesmo teste é aplicado no dispositivo contendo o Snapdragon 765G, os resultados mantêm-se consistente em todos os testes, não existindo indícios de adulteração dos resultados.
Os resultados também demonstram que este caso não seria específico de dispositivos da Oppo, mas acontecia também com equipamentos fabricados pela Realme, Xiaomi e Sony Xperia, todos contendo processadores da MediaTek no seu interior. Comparando as versões dos dispositivos com variantes similares da Qualcomm, o desempenho é sempre superior ao esperado dentro das apps de benchmark.
O portal procedeu à análise do código fonte do firmware de alguns dos processadores da MediaTek, tendo sido descoberta a existência de código apelidado de “sports mode”, que basicamente coloca o processador em funcionamento a velocidades que, normalmente, não seriam possíveis de se atingir durante o uso regular do sistema.
Em resposta a estes eventos, a MediaTek defende-se indicando que os testes realizados vão de encontro ao que a indústria realiza como um todo. Este género de “sports mode” encontra-se disponível para as fabricantes poderem otimizar os seus dispositivos para permitir a utilização de recursos acima do que seriam normalmente atribuídos ao processador sobre certas aplicações – mas que isso encontra-se inteiramente no controlo das fabricantes.
Além disso, este género de “modos” de elevado desempenho também são fornecidos por regiões, com algumas fabricantes a optarem por manter os mesmos ativos em modelos vendidos sobre certos países, enquanto se encontra desativado noutros.
A empresa termina por indicar que este género de atividade é algo que várias outras empresas realizam também no processo de fabrico dos seus processadores. Apesar de a MediaTek não ter apontado nomes, certamente que se estaria a referir à Qualcomm neste aspeto – a qual possui efetivamente registo de ter adulterado a velocidade dos seus processadores no passado, sobre certos dispositivos, mas na maioria dos casos a culpa de tal atividade foi fornecida para os fabricantes dos smartphones.
Seja como for, a medida certamente que causa alguns problemas para a MediaTek, que agora encontra-se envolta em acusações de ter utilizado este modo como forma de fornecer resultados acima do regular para testes feitos especificamente para os seus processadores.
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