Faz algumas semanas que o portal Wall Street Journal revelou um conjunto de informações relativas ao Facebook, nomeadamente sobre como este teria conhecimento que as suas redes sociais seriam tóxicas para alguns utilizadores e poderiam afetar a saúde mental dos mesmos, algo que a empresa nega publicamente.
Apesar de o caso ter sido mais um de grande impacto contra a plataforma, agora conhecem-se mais detalhes sobre quem revelou o mesmo ao portal, e a fonte pode surpreender alguns.
A fonte de todas as informações recentes conhecidas sobre o Facebook partiu de dados fornecidos por Frances Haugen, a diretora de produtos da empresa, e que também terá desviado informação considerada como sensível da empresa e que era desconhecida do público.
Frances Haugen já trabalhou em empresas como a Google e Pinterest, mas foi de forma relativamente recente que começou a trabalhar diretamente com o Facebook, como diretora de produtos da empresa. A sua experiência em outras redes sociais terá sido um dos pontos que levou à contratação para o Facebook.
Os documentos que foram recentemente revelados sobre a rede social foram análises feitas internamente pela plataforma, e da qual Frances Haugen teria conhecimento. Apesar de o Facebook negar a informação, e indicar que existem informações incorretas sobre o mesmo, a executiva aponta que os dados são reais e eram do conhecimento da rede social faz bastante tempo.
Haugen decidiu revelar estas informações publicamente depois de ponderar bastante. Segundo a mesma, o Facebook encontra-se constantemente sobre um conflito de interesses, analisando o que é bom ou mau para o público da rede social, ao mesmo tempo que também o realiza para a sua própria marca. E, na grande maioria dos casos, o Facebook opta por priorizar os seus próprios interesses invés do público.
A executiva afirma que existem casos onde o Facebook optou por manter conteúdo considerado como sendo de ódio ou de desinformação para os utilizadores, devido a ser prioridade para a empresa nos seus interesses. Um dos estudos realizados pela rede social ainda este ano, e dos quais Haugen agora revela, demonstra que a rede social poderia reduzir entre 3 a 5% o conteúdo de ódio na plataforma se aplicasse medidas efetivas.
Segundo Haugen, uma grande parte da culpa encontra-se nos algoritmos da plataforma. O Facebook possui milhares de conteúdos que pode mostrar aos utilizadores em qualquer momento, com base nos conteúdos que o mesmo tenha visto e interagido no passado, apenas com o sentido de o manter ativo na plataforma.
No entanto, este conteúdo nem sempre necessita de ser realmente o melhor para os interesses do utilizador, mas sim da própria rede social. Conteúdos com bastantes interações ou atividade vão ganhar mais destaque na plataforma, visto cativarem o público, mesmo que a informação fornecida não seja propriamente correta.
Como exemplo, o algoritmo encontra-se também otimizado para fornecer aos utilizadores que gostem de conteúdo polémico outros conteúdos que possam fomentar essa atividade, diretamente criando um ambiente tóxico para o mesmo. A executiva relembra que o Facebook ganha mais dinheiro conforme também mais conteúdo seja acedido pelos utilizadores.
Quando questionada sobre o motivo de agora revelar esta informação, Haugen afirma que não pretendia continuar a trabalhar para uma empresa que realiza este género de atividades com os utilizadores, e sobretudo, que esconde essa informação do público.
Haugen também afirma que começou a trabalhar para o Facebook em 2019, no sentido de promover campanhas contra a desinformação na plataforma, mas que terá decidido deixar a empresa quando os interesses internos da mesma superavam as medidas necessárias para combater tal atividade.
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