A gigante tecnológica Nvidia enfrenta um cenário cada vez mais complexo na China, um mercado vital para as suas operações. As ambições chinesas no campo da inteligência artificial (IA) têm sido significativamente condicionadas pela escassez de chips de processamento avançado e pelas restrições impostas pelos Estados Unidos à venda de unidades de processamento gráfico (GPUs) a clientes chineses. A mais recente dor de cabeça para a Nvidia centra-se no seu chip Hopper H20, especificamente desenhado para o mercado chinês.
Novos entraves dos EUA ao chip H20 da Nvidia para a China
O Hopper H20 surgiu como uma tentativa da Nvidia de contornar as restrições de exportação anteriormente impostas por Washington, que impediram a venda de chips mais potentes como o H800 para a China. Embora menos poderoso que os produtos de topo da Nvidia, o H20 rapidamente se tornou alvo de grande procura por parte dos clientes chineses.
Contudo, segundo informações veiculadas, o governo dos EUA notificou recentemente a fabricante de que seria necessária uma licença de exportação para vender estes chips H20 à China, complicando novamente a estratégia da empresa para este mercado.
O dilema do Hopper H20: Fim das modificações ou nova versão a caminho?
De acordo com o texto original que serviu de base a esta notícia, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, teria afirmado que a empresa já não estaria a trabalhar em versões simplificadas do H20 para a China, alegando que o chip não poderia ser mais modificado. "Não é Hopper porque já não é possível modificar mais o Hopper", terá dito Huang, segundo a Reuters.
No entanto, informações mais recentes, divulgadas no início de maio de 2025 por várias fontes internacionais, incluindo a própria Reuters, sugerem um cenário diferente. A Nvidia estará, afinal, a planear o lançamento de uma nova versão, ainda mais simplificada, do H20 para o mercado chinês já nos próximos meses, possivelmente em julho. Esta nova iteração teria especificações reduzidas, como menor capacidade de memória, numa tentativa de cumprir os novos limiares técnicos impostos pelas autoridades norte-americanas e, assim, manter a sua presença no país.
China: Um mercado crucial que a Nvidia não quer perder
A insistência da Nvidia em encontrar soluções para o mercado chinês não é surpreendente. A China representa uma fatia significativa das suas receitas, tendo gerado cerca de 17 mil milhões de dólares (aproximadamente 13% do total de vendas da empresa) no ano fiscal terminado a 26 de janeiro de 2025. Abdicar deste mercado está, portanto, fora de questão.
Refletindo esta importância estratégica, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, visitou a China recentemente para se encontrar com clientes locais, poucos dias após terem sido anunciados os novos requisitos de licenciamento para o H20. Além disso, a Nvidia planeia estabelecer um centro de investigação e desenvolvimento (I&D) em Xangai, numa tentativa de fortalecer a sua posição e adaptar-se às exigências locais e regulatórias.
Rumores de contrabando? "Sistemas demasiado grandes para esconder", afirma CEO
Face a rumores sobre um possível desvio de chips de IA para a China através de contrabando, Jensen Huang foi perentório ao negá-los. O CEO argumentou que não existem evidências de tal prática, sublinhando a dimensão massiva destes sistemas. "Não há qualquer evidência de desvio de chips de IA. Estes são sistemas massivos. O sistema Grace Blackwell pesa quase duas toneladas, pelo que não o vai conseguir colocar no bolso ou na mochila tão cedo", afirmou Huang.
Reviravolta regulatória: EUA revogam regra de difusão de IA da era Biden
Num desenvolvimento que poderá ter implicações futuras, o Departamento de Comércio dos EUA anunciou recentemente a revogação da "Artificial Intelligence Diffusion Rule", uma medida implementada durante a administração Biden. Esta lei tinha como objetivo restringir a venda de chips de IA fabricados nos EUA a clientes estrangeiros, e a sua anulação poderá, potencialmente, alterar o panorama das exportações de tecnologia de ponta. A decisão de revogar esta regra terá sido tomada pouco antes da sua entrada em vigor, com a justificação de que seria demasiado "onerosa" e poderia "sufocar a inovação americana".
O futuro da Nvidia na China permanece incerto e sujeito às contínuas tensões geopolíticas e alterações regulatórias. No entanto, a empresa demonstra estar determinada a adaptar-se para manter a sua presença num dos mercados tecnológicos mais importantes do mundo.
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