A Organização Trump, agora liderada pelos filhos do presidente, Donald Trump Jr. e Eric Trump, aventura-se novamente no mundo dos produtos de consumo. Desta vez, a aposta é um smartphone dourado, o T1, acompanhado de um serviço de comunicações móveis. A campanha, como seria de esperar, vem carregada da habitual retórica "America-first", mas parece que se esqueceram do mais básico: fazer com que tudo funcione.
Quem pensou que seria fácil garantir o seu "computador de bolso patriótico" foi surpreendido por um processo de pré-reserva que parece ter falhado em todos os aspetos. O lançamento inicial está a ser marcado pelo caos, levantando sérias dúvidas sobre a viabilidade do projeto.
Um lançamento que é um desastre anunciado?
A tentativa de comprar o novo T1 em pré-reserva transformou-se numa autêntica dor de cabeça. Um novo artigo da 404Media detalha na perfeição esta confusão, depois de um dos seus jornalistas ter tentado encomendar o equipamento. O objetivo era simples: pagar os 100 dólares de depósito e aguardar pelo envio para analisar o telemóvel.
O que se seguiu foi um manual de como não gerir uma loja online. O site bloqueou, reencaminhou o utilizador para uma página de erro e, como se não bastasse, cobrou um valor incorreto no cartão de crédito: 64,70 dólares. O mais bizarro? O jornalista recebeu um e-mail a confirmar que a encomenda seria enviada, apesar de nunca lhe ter sido pedida a morada de envio. Nas suas palavras, foi a "pior experiência que alguma vez tive a comprar um produto eletrónico de consumo". Para piorar a situação, ao tentar aceder à conta que o site o obrigou a criar, deparou-se com mais uma página de erro, ficando sem acesso.
As especificações... e o que falta nelas
A experiência de compra não foi o único ponto problemático. O T1 promete um grande ecrã AMOLED de 6,8 polegadas com um furo para a câmara, uma taxa de atualização de 120Hz e uma câmara principal de 50MP, características que, no papel, parecem interessantes.
No entanto, a empresa esqueceu-se de um detalhe crucial: o processador que equipa o telemóvel. A ausência desta informação levanta suspeitas, sendo provável que se trate de um chip da MediaTek. Numa gafe caricata, a página chegou a listar uma "câmara de longa duração de 5.000 mAh", um erro que, entretanto, já foi corrigido.
Fabricado na América ou apenas um "rebranding"?
Apesar da insistência de que o telemóvel será fabricado nos Estados Unidos, há boas razões para duvidar. Obter todos os componentes necessários sem recorrer a fornecedores estrangeiros é uma tarefa extremamente difícil e dispendiosa, algo que nem a Apple consegue fazer.
O cenário mais provável, segundo o especialista Max Weinbach, é que o T1 seja simplesmente uma versão com nova imagem de um dispositivo muito mais barato. As suspeitas recaem sobre o T-Mobile REVVL 7 Pro 5G, um telemóvel que custa uma fração do preço de 499 dólares (cerca de 465 euros, ao câmbio atual) pedido pelo T1.
Este smartphone junta-se a uma vasta coleção de outros produtos dirigidos ao mesmo público fiel, que já inclui sapatilhas douradas "Never Surrender", a bíblia "God Bless the USA", perfumes, cromos digitais e até criptomoedas.
Ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, e alguns problemas iniciais são expectáveis em qualquer novo projeto. Contudo, esta fase de pré-reserva tem sido excecionalmente caótica. Resta esperar por uma data de lançamento oficial e por um produto físico para perceber se o smartphone T1 consegue superar este início desastroso.
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