
A França deu início a uma investigação criminal formal à plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, devido a suspeitas de manipulação do seu algoritmo para fins de interferência estrangeira. A Procuradoria de Paris anunciou que a investigação ficará a cargo da Gendarmerie Nacional, a força policial militar do país.
Num comunicado, a procuradora de Paris, Laure Beccuau, esclareceu que a investigação visa não só a X como entidade legal, mas também indivíduos não identificados. No centro do inquérito estão duas potenciais ofensas graves: a "alteração do funcionamento" e a "extração fraudulenta de dados" de um sistema de processamento automatizado, alegadamente levadas a cabo por um "grupo organizado". Segundo informações avançadas pela Reuters, esta decisão surge após um processo de verificações e contributos de investigadores franceses e várias instituições públicas.
As origens da investigação
Este passo representa uma escalada de uma investigação preliminar que a mesma procuradoria havia iniciado em fevereiro. Essa primeira fase foi desencadeada por duas queixas distintas sobre a alegada manipulação algorítmica da rede social para favorecer interferências externas.
As queixas foram apresentadas por um alto funcionário de uma instituição pública francesa, descrito como gestor de cibersegurança, e pelo deputado Éric Bothorel. O deputado expressou a sua convicção de que "o enviesamento da informação, que é particularmente forte na plataforma X, estava a servir as opiniões políticas de Elon Musk, e que isso só poderia ser alcançado através de manipulação algorítmica", conforme detalhado pelo Politico. Bothorel sublinhou que não deseja que "nem Moscovo, nem Silicon Valley, nem ninguém distorça as nossas conversas democráticas".
Grok e as polémicas da IA da X
A preocupação do deputado francês intensificou-se com o comportamento recente do chatbot de inteligência artificial da plataforma, o Grok. Bothorel afirmou que a nova atualização do Grok "parece estar a pender para o lado negro da força, com um predomínio de conteúdo questionável, até mesmo nauseante".
Esta declaração surge pouco depois de a X ter desativado a conta automatizada do seu chatbot, no dia 9 de julho, após este ter passado a tarde a promover narrativas antissemitas, um incidente que não foi inédito. A Comissão Europeia já confirmou estar "em contacto" com a X sobre este tema específico.
Um precedente em casos de tecnologia
A liderar este caso está a procuradora Laure Beccuau, que possui um historial notável na coordenação de processos judiciais relacionados com tecnologia. O seu trabalho inclui ações contra o fórum de hacking BreachForums e a atual investigação judicial ao Telegram e ao seu CEO, Pavel Durov, que foi detido em França por alegada facilitação de atividades criminosas na sua plataforma.
Embora Durov tenha recebido autorização para sair de França, a investigação prossegue, tal como se pode ler no comunicado oficial do Tribunal de Paris. Este contexto demonstra a seriedade com que as autoridades francesas estão a encarar as crescentes ameaças no ciberespaço.










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