Uma vasta operação policial internacional, com o nome de código "Operação Eastwood", desferiu um duro golpe contra a infraestrutura e os membros do grupo de hackers pro-russo NoName057(16). Este grupo é conhecido por uma série de ataques de negação de serviço (DDoS) que visaram alvos por toda a Europa, Israel e Ucrânia.
A operação, que decorreu a 15 de julho de 2025, foi liderada pela Europol e pela Eurojust e contou com a colaboração de 12 países, culminando numa ação coordenada para desativar os sistemas e identificar os indivíduos por detrás das atividades do grupo.
Quem são os NoName057(16) e como atuavam?
O grupo de hackers NoName057(16) surgiu em março de 2022, pouco depois do início da guerra na Ucrânia, com uma agenda claramente pró-russa. Para levar a cabo os seus ataques, o grupo recorria a canais no Telegram e ao seu projeto de software "DDoSia". Esta ferramenta permitia recrutar voluntários que, ao instalarem o programa nos seus computadores, contribuíam com o seu poder computacional para sobrecarregar e derrubar os alvos selecionados pelos líderes do grupo.
Desde a sua formação, o NoName057(16) e os seus apoiantes lançaram ataques DDoS contra empresas e infraestruturas críticas em países europeus que manifestaram o seu apoio à Ucrânia. A lista de alvos é extensa e inclui sites da NATO, agências governamentais, serviços de transporte, bancos, empresas de defesa, meios de comunicação e fornecedores de energia.
O impacto dos ataques em toda a Europa
Segundo a Europol, os ataques perturbaram serviços essenciais em países como a Alemanha, Polónia, Lituânia, Letónia, Estónia, Suécia e Países Baixos, entre outros.
Num comunicado, a Eurojust detalha a escala das ações:
Na Alemanha, o grupo executou 14 ataques, alguns dos quais duraram vários dias e afetaram cerca de 230 organizações, incluindo fábricas de armamento, fornecedores de energia e entidades governamentais.
Ataques foram também realizados durante as eleições europeias.
Na Suécia, os alvos foram sites de autoridades e bancos.
Na Suíça, ocorreram múltiplos ataques durante uma mensagem de vídeo do Presidente ucraniano ao Parlamento em junho de 2023 e durante a Cimeira da Paz para a Ucrânia em junho de 2024.
Mais recentemente, os Países Baixos foram visados durante a Cimeira da NATO no final de junho.
Os resultados da "Operação Eastwood"
No dia 15 de julho, as forças policiais realizaram buscas em vários países, incluindo Alemanha, Letónia, Espanha, Itália, Chéquia, Polónia e França. Como resultado, mais de 100 servidores que alojavam a infraestrutura do grupo foram desativados ou apreendidos.
A operação resultou em duas detenções (uma em França e outra em Espanha) e na emissão de sete mandados de detenção europeus, seis pela Alemanha e um por Espanha. As autoridades também tomaram uma medida invulgar: enviaram mensagens via Telegram a 1.100 participantes e 17 administradores dos canais do grupo, alertando-os para a responsabilidade criminal das suas ações.
Dos mandados emitidos pela Alemanha, seis destinam-se a indivíduos que se acredita residirem na Rússia, sendo que dois deles são suspeitos de serem os principais operadores do grupo.
Um golpe duro, mas será que é suficiente?
A "Operação Eastwood" contou com a participação de autoridades da Chéquia, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Letónia, Lituânia, Países Baixos, Polónia, Espanha, Suécia, Suíça e Estados Unidos. As autoridades consideram a operação um golpe significativo para as capacidades do NoName057(16).
No entanto, com os membros principais do grupo localizados na Rússia, fora do alcance direto das autoridades europeias, é provável que esta ação tenha um efeito temporário. Os especialistas alertam que os responsáveis pelo grupo tentarão reconstruir a sua infraestrutura. De facto, mesmo após a operação, o grupo continuou a anunciar novos ataques e violações de segurança contra empresas alemãs, demonstrando a sua resiliência e intenção de continuar as suas atividades.
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