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China vs EUA simbolizado com peças de xadrês

Num dos debates mais acesos na corrida pela inteligência artificial, uma nova reviravolta pode estar a caminho. A Meta, que até agora se tinha posicionado como uma defensora do código aberto, poderá estar a reconsiderar a sua estratégia. Segundo o New York Times, a recém-formada equipa de superinteligência da empresa, liderada por Alexandr Wang, está a questionar a abordagem atual, inclinando-se para o desenvolvimento de um modelo fechado, à semelhança de rivais como a OpenAI e a Anthropic.

Este movimento contrasta fortemente com a estratégia da China, que aposta em modelos abertos como o DeepSeek, e alinha a Meta com a tendência dominante nos Estados Unidos, marcada por sistemas privados como o ChatGPT e o Claude.

A reviravolta da Meta e o futuro do "Behemoth"

Caso se confirme, esta mudança representaria uma alteração drástica na filosofia da Meta. Em 2023, a empresa juntou-se a outras vozes na defesa de modelos de código aberto, e o próprio Mark Zuckerberg afirmou repetidamente que a sua IA era open source – ainda que com algumas nuances. Agora, com a nova equipa de superinteligência em ação, os planos podem mudar.

No centro da discussão está o "Behemoth", o maior modelo de IA de código aberto que a Meta estava a desenvolver. Fontes próximas da empresa sugerem que os resultados pouco satisfatórios do Behemoth foram o catalisador para a criação desta nova equipa. Uma das primeiras decisões em cima da mesa é, precisamente, o abandono do seu desenvolvimento. Existe também a possibilidade de o projeto Behemoth continuar, enquanto a nova equipa se foca num modelo proprietário com o grande objetivo da Meta em mente: a criação de uma inteligência artificial geral (AGI).

O que significa uma IA ser de código aberto?

O conceito de open source não é novo, mas a sua aplicação à inteligência artificial gerou um debate considerável. Os modelos de IA são extremamente complexos, e a definição clássica nem sempre se ajusta. Em outubro do ano passado, a Open Source Initiative (OSI) publicou a Definição de IA de Código Aberto (OSAID), com a qual a própria Meta demonstrou desacordo. De acordo com a OSI, para que uma IA seja considerada de código aberto, deve permitir:

  • Utilizar o sistema para qualquer finalidade, sem necessidade de pedir permissão.

  • Estudar o funcionamento do sistema e inspecionar todos os seus componentes.

  • Modificar o sistema para qualquer propósito, incluindo alterar o seu desempenho.

  • Partilhar o sistema, com ou sem modificações, para que outros o utilizem livremente.

China: a paciência do "soft power" com a IA aberta

Os dois maiores intervenientes na corrida da IA, Estados Unidos e China, jogam o mesmo jogo com estratégias muito distintas. Com o Deepseek, o seu modelo mais famoso, a China surpreendeu ao apostar no código aberto. Esta abordagem permitiu contornar as restrições e vetos impostos pelo seu rival. E não faltam exemplos: Qwen da Alibaba, Doubou da Bytedance, Ernie da Baidu, Hunyuan Turbo da Tencent ou Kimi da Moonshot AI são outras das muitas IAs chinesas de código aberto.

A estratégia não é oferecer tecnologia gratuitamente sem um plano. Trata-se de uma tática de soft power tecnológico: oferecer acesso hoje para garantir o domínio amanhã. A China pretende criar uma dependência global dos seus modelos, posicionando-se como a principal alternativa às plataformas pagas norte-americanas. É uma visão de longo prazo, semelhante ao investimento de décadas na formação de engenheiros, que hoje lhe confere uma vantagem clara.

EUA: o lucro imediato dos modelos fechados

Do outro lado do espectro, gigantes como a OpenAI, Anthropic e Google optaram pelo desenvolvimento privado e por modelos de subscrição para aceder às suas tecnologias mais avançadas. A Meta, com o seu modelo Llama, era a grande exceção a esta regra, disponibilizando o seu código de forma (parcialmente) acessível. Se a empresa de Zuckerberg mudar de rumo, a abordagem fechada nos EUA ficará ainda mais consolidada.

O objetivo desta estratégia é claro: estas empresas detêm os modelos mais sofisticados e os recursos para continuar a treiná-los, pelo que podem rentabilizá-los diretamente através de subscrições "Pro" ou produtos específicos, como o recém-anunciado ChatGPT Agent.

Duas visões, uma corrida: qual a estratégia vencedora?

A estratégia da China faz todo o sentido, considerando que partiu de uma posição de desvantagem, embora tenha recuperado terreno a um ritmo impressionante. Com IAs abertas e gratuitas, conseguem criar rapidamente uma vasta base de utilizadores e a tal dependência tecnológica. No entanto, a longo prazo, o modelo enfrenta desafios económicos. Se, no futuro, decidirem monetizar os seus serviços, arriscam uma fuga em massa de utilizadores e a atenção acrescida dos reguladores.

Por sua vez, os Estados Unidos mantêm um controlo rigoroso e obtêm lucros desde o início. Possuem os modelos mais avançados, mas os preços cada vez mais elevados tornam a tecnologia um luxo para poucos. Muitos procurarão alternativas, e é aí que a China se posiciona com os seus modelos abertos. São duas visões opostas, uma focada no presente e outra no futuro. Resta esperar para ver qual delas se irá impor.




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