
A Uber está a implementar uma nova funcionalidade focada em mitigar os riscos de assédio e agressão sexual que muitas mulheres enfrentam durante as viagens. Respondendo aos seus próprios dados, que revelam milhares de casos de violência sexual em veículos da plataforma ao longo dos anos, a empresa vai facilitar o pedido de motoristas que sejam também mulheres.
Como funciona a nova preferência de género?
A nova opção estará visível para as utilizadoras assim que abrirem a aplicação. A funcionalidade permite que as mulheres selecionem ativamente a preferência por uma motorista do mesmo sexo, tanto para viagens imediatas como para agendamentos futuros. É também possível definir esta escolha como uma preferência padrão em todas as circunstâncias.
A Uber alerta, no entanto, que optar por esta funcionalidade pode resultar em tempos de espera mais longos, uma vez que a maioria dos motoristas na plataforma são homens. Caso o tempo seja um fator crítico, as utilizadoras podem sempre optar por uma viagem com o motorista disponível mais próximo.
A medida não é exclusiva para as passageiras. As motoristas mulheres também podem ajustar as suas configurações para aceitar preferencialmente passageiras, uma opção que pode ser ativada ou desativada a qualquer momento, incluindo durante os períodos de maior movimento, como à noite.
A funcionalidade será lançada inicialmente nas cidades de Los Angeles, São Francisco e Detroit ao longo das próximas semanas.
Uma resposta a um problema grave de segurança
Esta iniciativa surge como uma resposta direta a um problema que afeta a indústria há anos. Segundo o último relatório de segurança da própria Uber, divulgado em 2024 e referente aos anos de 2021 e 2022, foram registados 2.717 incidentes de "agressão e má conduta sexual grave". Embora este número represente uma diminuição de 22% em relação ao relatório anterior, a gravidade e o volume dos casos continuam a ser uma grande preocupação.
Muitas motoristas relataram sentir-se desprotegidas, chegando a transportar sprays de pimenta ou outras armas de defesa, desafiando as políticas da empresa que proíbem tais itens.
Medida de segurança já existe noutros países
Esta não é a primeira vez que a Uber implementa uma ferramenta deste género. A empresa lançou originalmente a funcionalidade "Women Rider Preference" na Arábia Saudita em 2019, um ano após o país ter levantado a proibição de as mulheres conduzirem. Desde então, a opção foi introduzida em 40 países.
"A maioria dos motoristas são homens, por isso trabalhámos para garantir que esta funcionalidade fosse verdadeiramente utilizável em diferentes locais do mundo", afirmou Camiel Irving, Vice-Presidente de Operações da Uber para os EUA e Canadá. "Testámos, ouvimos e aperfeiçoámo-la em mercados como a Alemanha e a França, adaptando a funcionalidade aos comportamentos reais de passageiros e motoristas."
E se o motorista não for quem esperava?
Como medida de segurança, a Uber exige que tanto os passageiros como os motoristas verifiquem a sua identidade na aplicação. Contudo, se uma mulher estiver à espera de uma motorista e aparecer um homem, a recomendação da empresa é clara: cancelar a viagem imediatamente e reportar o incidente.











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