
A controvérsia em torno dos modelos de inteligência artificial e a violação de direitos de autor ganhou um novo e explosivo capítulo. A Perplexity AI, uma das mais conhecidas ferramentas de pesquisa com IA, está a ser processada por dois dos maiores grupos de comunicação social do Japão, que a acusam de "free riding" em larga escala sobre os seus conteúdos e exigem uma indemnização milionária.
Acusações graves e um pedido de indemnização
Os grupos de media Nikkei e Asahi Shimbun deram entrada com uma ação judicial conjunta contra a Perplexity, alegando que a empresa de IA copiou e armazenou ilicitamente o conteúdo dos seus artigos a partir dos seus servidores. Segundo a notícia avançada pelo Financial Times (que, curiosamente, pertence ao grupo Nikkei), as acusações não se ficam por aqui.
As duas empresas afirmam que a Perplexity não só utilizou o seu trabalho sem permissão, como também forneceu informações imprecisas nos seus resumos, atribuindo depois essas falsidades às suas publicações. Numa declaração conjunta, afirmaram que "se não for controlada, esta situação pode minar os alicerces do jornalismo, que se dedica a transmitir os factos com precisão".
Cada uma das empresas exige 2,2 mil milhões de ienes (cerca de 15 milhões de dólares) em danos, totalizando um pedido de indemnização de aproximadamente 30 milhões de dólares (perto de 28 milhões de euros). Adicionalmente, exigem que a Perplexity remova todos os artigos armazenados dos seus sistemas.
A ironia de um novo plano de receitas
Ironicamente, o processo surge apenas um dia depois de a Perplexity ter anunciado um novo plano de partilha de receitas com os editores. O novo plano de subscrição, chamado Comet Plus, custa 5 dólares por mês e promete dar aos utilizadores acesso a "conteúdo premium de um grupo de editores e jornalistas de confiança".
A empresa prometeu entregar 80% da receita aos parceiros, mas o pagamento inicial virá de um fundo de 42,5 milhões de dólares. Na prática, isto significa que uma subscrição renderia a cada editor apenas 4 dólares pela cedência da sua biblioteca inteira, um valor significativamente inferior aos 20 a 30 dólares que muitos jornais cobram pelo acesso direto.
Um histórico de controvérsias
Esta não é a primeira vez que a Perplexity se vê envolvida em polémicas de extração de conteúdo. No início de agosto, um relatório da Cloudflare acusou a empresa de utilizar "web crawlers" para contornar ficheiros robots.txt e firewalls, disfarçando-se de um navegador Google Chrome genérico e rodando endereços IP para não ser detetada.
Durante o verão de 2024, a empresa já tinha sido alvo de acusações semelhantes. A Forbes acusou a Perplexity de extrair ilicitamente as suas histórias e publicá-las, enquanto a Wired reportou que a plataforma estava a fazer "scraping" de conteúdo seu e de outras publicações do grupo Condé Nast. Este novo processo judicial vindo do Japão adensa ainda mais a nuvem de desconfiança sobre as práticas da popular ferramenta de IA.










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