
Parece que nem os milhões de Mark Zuckerberg são suficientes para segurar os talentos de topo que recrutou para o seu ambicioso projeto de superinteligência. A Meta fez manchetes ao aliciar especialistas de rivais como a OpenAI, Google e Apple com ofertas milionárias, mas a equipa de sonho está a desmoronar-se quase tão depressa quanto foi formada, com demissões em catadupa e um ambiente de caos interno.
A porta giratória dos milhões
As saídas do recém-criado laboratório "Meta Superintelligence" são notáveis. Shengjia Zhao, cocriador do ChatGPT, ameaçou demitir-se poucos dias após a sua chegada, sendo convencido a ficar apenas com a atribuição do título de "Cientista-Chefe de IA". Outros não tiveram a mesma hesitação: Ethan Knight, cientista de machine learning, saiu poucas semanas após ingressar, enquanto Avi Verma, ex-investigador da OpenAI, nem sequer apareceu no primeiro dia de trabalho após a integração. Rishabh Agarwal, que entrou em abril, citou a vontade de assumir "um risco diferente" ao apresentar a sua demissão.
O êxodo não se limita aos recém-chegados. Veteranos da casa, como Chaya Nayak e Loredana Crisan, que juntas somam quase duas décadas de experiência na empresa, também anunciaram a sua partida, indicando que o problema é mais profundo e não se resume a uma má adaptação dos novos talentos.
Uma estrutura que gera conflito
Fontes internas, citadas pelo Ars Technica, apontam para uma estrutura interna caótica e geradora de conflitos como a principal causa do descontentamento. O laboratório de superinteligência está dividido em quatro equipas, mas é a liderança e a nova hierarquia que estão a criar ondas de choque.
Muitos funcionários veteranos sentem-se postos de parte com a chegada das novas "estrelas", que criaram um ambiente de política interna e competição pouco saudável. Numa mudança surpreendente, Yann LeCun, outro cientista-chefe de IA da Meta, passou a reportar a Alexandr Wang, um empreendedor de Silicon Valley recrutado para a equipa. Enquanto isso, Ahmad Al-Dahle, que foi a força motriz por trás do Llama e de outros projetos de IA generativa da empresa, ficou sem liderar qualquer equipa. Para agravar a situação, Wang reporta diretamente a Zuckerberg, contornando o Diretor de Produto, Chris Cox.
Meta desvaloriza o caos com comentários mordazes
Oficialmente, a Meta desvaloriza a situação. Num comunicado, a empresa afirmou que alguma rotatividade é normal numa organização desta dimensão e que a maioria dos funcionários que saíram já estavam na empresa há anos. No entanto, a empresa não resistiu a deixar um comentário sarcástico:
"Apreciamos o interesse desmedido em cada pormenor dos nossos esforços de IA, por mais inconsequente ou mundano que seja, mas estamos apenas focados em fazer o trabalho para entregar uma superinteligência pessoal."
A empresa também negou os relatos de confrontos entre Zuckerberg e Wang sobre os prazos para atingir a superinteligência, classificando-os como "tensão fabricada sem base na realidade". Resta saber se o ambicioso projeto de Mark Zuckerberg conseguirá superar esta crise de crescimento ou se o seu castelo de cartas, construído a peso de ouro, está mesmo a tremer.










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