A BYD, a gigante chinesa de veículos de nova energia, traçou um objetivo ambicioso para 2025: vender aproximadamente um milhão de automóveis nos mercados internacionais. Este número representa o dobro do volume de vendas registado na primeira metade de 2025, um sinal claro da intenção da marca de desafiar a liderança de outras grandes exportadoras chinesas como a SAIC e a Chery.
O crescimento da BYD fora da China tem sido vertiginoso. Depois de vender 417.204 unidades no estrangeiro em todo o ano de 2024, a empresa superou essa marca em apenas seis meses, com mais de 472.000 veículos vendidos na primeira metade de 2025. Agora, o plano é duplicar este valor até ao final do ano, consolidando a sua presença global.
O lucro no estrangeiro e o abrandamento na China ditam a estratégia
A aposta nos mercados internacionais não é um acaso. Segundo Li Yunfei, diretor-geral de marca e relações públicas da BYD, esta expansão é impulsionada por margens de lucro significativamente mais altas e por um abrandamento no mercado interno chinês. De acordo com um relatório do 21st Century News Group, a BYD obtém um lucro de cerca de 5.000 dólares (aproximadamente 4.650 euros) por cada veículo vendido na Europa, um valor muito superior aos 1.260 dólares (cerca de 1.170 euros) de lucro por carro na China.
Este foco na exportação surge numa altura em que o crescimento doméstico da empresa mostra sinais de fadiga. Em julho de 2025, a BYD vendeu 341.030 veículos de passageiros, um aumento de apenas 0,1% em relação ao ano anterior, o crescimento mais baixo dos últimos 18 meses. A empresa até lançou uma campanha de descontos agressivos em 22 modelos no passado mês de maio para escoar o inventário.
Fábricas no estrangeiro para contornar barreiras alfandegárias
Para sustentar esta expansão e navegar pelas barreiras alfandegárias, a BYD está a implementar uma estratégia global que vai além da simples exportação. A empresa já opera fábricas no Uzbequistão e na Tailândia, e tem planos para construir novas instalações na Turquia, Hungria, Brasil e outros países.
Um exemplo claro desta tática foi o envio de mais de 900 unidades do BYD Dolphin, fabricadas na Tailândia, para a Alemanha, Bélgica e Reino Unido. Esta manobra permitiu à empresa evitar uma tarifa adicional de 20,7% imposta pela União Europeia, que se somaria à taxa aduaneira de 10% já existente. A produção local permitirá à BYD ser mais ágil e reforçar a sua presença nos mais de 100 mercados onde já opera.
No total, nos primeiros sete meses de 2025, a BYD vendeu 2.458.914 veículos de passageiros a nível mundial, um aumento de 26,2% em comparação com o mesmo período do ano passado, mostrando que, apesar dos desafios no mercado interno, a sua trajetória global continua em forte ascensão.
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