
A indústria das baterias de ião de sódio está a passar dos projetos de demonstração para a comercialização em larga escala, com os próximos dois a três anos a serem decisivos para a sua afirmação no mercado. A conclusão saiu do Fórum para o Desenvolvimento da Cadeia Industrial e Normas de Baterias de Ião de Sódio de 2025, onde especialistas da indústria, segundo o Sina Finance, delinearam um futuro promissor para esta tecnologia.
Não é uma substituição, é um complemento poderoso
Esqueça a ideia de uma substituição direta do lítio. Li Jinghong, académico da Academia Chinesa de Ciências e professor na Universidade de Tsinghua, sublinhou que o grande trunfo das baterias de ião de sódio reside na competição diferenciada. Em vez de tentarem igualar a densidade energética das suas congéneres de lítio, estas baterias apostam noutras vantagens distintas.
Entre os seus pontos fortes destacam-se a elevada potência, um desempenho robusto a baixas temperaturas, uma maior segurança e um custo de produção relativamente mais baixo. Estas características tornam-nas ideais para um leque de aplicações onde as baterias de ião de lítio não são a solução mais eficiente ou económica.
Aplicações promissoras e desenvolvimento técnico
As baterias de ião de sódio são vistas como a solução ideal para setores que exigem alta potência e corrente, como veículos comerciais, maquinaria de mineração e construção, equipamentos agrícolas e sistemas híbridos que combinam baterias com motores a combustível. Outras aplicações incluem fontes de alimentação ininterrupta (UPS), regulação de frequência no armazenamento de energia e a substituição das velhas baterias de chumbo-ácido.
A CATL, uma gigante do setor, já incluiu as baterias de ião de sódio no seu roteiro tecnológico. Em abril, a empresa lançou a primeira bateria de sódio do mundo produzida em massa em larga escala, abrangendo sistemas de energia para automóveis de passageiros e baterias de arranque para camiões pesados. A empresa afirma que as suas baterias de sódio atingem uma densidade energética de 175 Wh/kg, permitindo uma autonomia puramente elétrica superior a 500 km.
Custos em queda livre e o apoio da indústria
A expetativa de que os preços iriam simplesmente colapsar após os picos do lítio em 2021 deu lugar a uma abordagem mais focada na criação de valor. A prioridade agora é expandir a escala de produção, reduzir custos e melhorar a densidade energética.
Segundo Li Shujun, diretor-geral da Beijing Zhongke Haina Technology Co., os custos podem ser reduzidos para metade nos próximos dois a três anos. Atualmente, os custos de produção em massa rondam os 0,4 a 0,5 yuan/Wh (cerca de 0,052 a 0,065 euros/Wh), com a perspetiva de descerem para 0,3 yuan/Wh (cerca de 0,039 euros/Wh), um valor comparável ao das atuais baterias de fosfato de ferro-lítio.
Este otimismo é reforçado pelo forte apoio governamental na China, onde agências como o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação já designaram as baterias de ião de sódio como uma direção prioritária para o futuro do armazenamento de energia.
O futuro começa em 2026
Os especialistas são unânimes: esta tecnologia está num ponto de viragem. Com rotas técnicas claras, apoio político crescente e cenários de aplicação bem definidos, o impulso é forte. O período até 2026 é visto como uma janela crucial para que as baterias de ião de sódio estabeleçam uma presença sólida em mercados de nicho e iniciem a sua comercialização em larga escala, marcando o início de uma nova era no armazenamento de energia.










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