
A Jaguar Land Rover (JLR) está a preparar o regresso à normalidade, com os seus funcionários a postos para retomar a produção nos próximos dias, confirmou um porta-voz da empresa ao The Register. A fabricante automóvel, uma das mais importantes do Reino Unido, foi forçada a paralisar as suas operações após um devastador ciberataque que a deixou offline durante mais de um mês.
O regresso à produção não será imediato, mas sim faseado. A JLR não se comprometeu com uma data exata, mas indicou que as suas fábricas no Reino Unido verão um aumento gradual da atividade. A unidade de Wolverhampton deverá ser a primeira a reativar as linhas de montagem, seguida pelas fábricas de Solihull e Halewood. A expectativa é que demore várias semanas até que todas as unidades atinjam o seu ritmo de produção habitual.
Um prejuízo de milhares de milhões
A paralisação, que começou a 2 de setembro de 2025, representou um golpe financeiro devastador para a empresa. As estimativas de economistas, citadas pela publicação, apontam para perdas diárias entre os 5,9 e os 11,8 milhões de euros (5 a 10 milhões de libras). No total, o prejuízo pode ascender a 2,6 mil milhões de euros (2,2 mil milhões de libras) em receitas perdidas e cerca de 177 milhões de euros (150 milhões de libras) em lucros.
David Bailey, professor de economia empresarial na Universidade de Birmingham, descreveu a situação como "uma das piores crises que a empresa já enfrentou". Segundo o especialista, a JLR sobreviveu à crise financeira global, à COVID e à escassez de semicondutores, mas nunca enfrentou algo desta magnitude, que a deixou sem produzir um único carro durante um mês.
Para ajudar na recuperação, o governo do Reino Unido concedeu uma garantia de empréstimo de 1,77 mil milhões de euros (1,5 mil milhões de libras) no final de setembro, uma medida que visa proteger os empregos em toda a vasta cadeia de abastecimento da JLR.
O efeito dominó na cadeia de abastecimento
O impacto do ciberataque foi muito além dos portões da JLR. A empresa emprega diretamente cerca de 30.000 pessoas, mas a sua cadeia de fornecedores, que depende fortemente dos contratos com a fabricante, suporta mais de 100.000 postos de trabalho. A incapacidade da JLR de processar faturas deixou muitas pequenas empresas em risco financeiro.
Michael Beese, diretor da Genex UK, um fornecedor de peças metálicas, revelou à BBC que a maior parte da sua equipa de 17 pessoas foi temporariamente dispensada sem vencimento. Empresas como a Evtec, WHS Plastics, SurTec e OPmobility também confirmaram ter sido afetadas. O impacto chegou até à Aston Martin, que num comunicado à Bolsa de Valores de Londres, admitiu não poder descartar um impacto financeiro resultante do "recente incidente cibernético num grande fabricante automóvel do Reino Unido".
A onda de choque alastrou-se à economia local, com donos de cafés e pubs a relatarem uma quebra no negócio, uma vez que os trabalhadores da JLR, temendo pelo seu futuro, ficaram em casa. O incidente deixa uma marca profunda não só nas contas da Jaguar Land Rover, mas em toda uma indústria que sentiu na pele a fragilidade da segurança digital.











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