
O que acontece quando um serviço de cloud governamental, com quase 900 terabytes de dados, não tem uma única cópia de segurança? A Coreia do Sul descobriu da pior forma possível. Um incêndio de grandes proporções num centro de dados destruiu permanentemente os ficheiros de 125 mil funcionários públicos, sem qualquer possibilidade de recuperação.
O fogo, que deflagrou no edifício do National Information Resources Service, aniquilou os servidores que albergavam o sistema interno de armazenamento do Estado sul-coreano, conhecido como "G-Drive". Segundo o jornal sul-coreano The Chosun Ilbo, o incidente deixou um rasto de destruição digital sem precedentes para a administração pública do país.
Um sistema criado para segurança que ignorou a regra de ouro
Ironicamente, o sistema G-Drive foi lançado em 2017 com o objetivo de reforçar a soberania e a segurança da informação do Estado, evitando a dependência de serviços externos. A plataforma oferecia 30 GB de armazenamento a cada funcionário e, ao longo dos anos, acumulou um total de 858 terabytes de dados.
No entanto, numa decisão que se revela agora catastrófica, os responsáveis optaram por não implementar qualquer plano de cópias de segurança para estes dados. A justificação para esta falha crítica ainda não foi esclarecida, mas as consequências são devastadoras.
Oito anos de trabalho transformados em fumo
Cerca de 17% dos 750 mil funcionários públicos da Coreia do Sul utilizavam o G-Drive, e o impacto varia entre os diferentes ministérios. O Ministério da Gestão de Pessoal foi um dos mais severamente afetados. O impacto é devastador para muitos, com um funcionário a confessar o quão assustador é ver oito anos de materiais de trabalho simplesmente desaparecerem da noite para o dia.
Este desastre expõe uma vulnerabilidade gritante na gestão de infraestruturas críticas e está a gerar uma enorme polémica no país. A confiança num sistema desenhado para ser um bastião de segurança foi completamente abalada.
A lição que custou 858 terabytes
Este incidente serve como um duro lembrete de uma regra fundamental no mundo digital: as cópias de segurança não são um luxo, são uma necessidade absoluta. Confiar que um único sistema, por mais robusto que seja, nunca irá falhar é uma aposta perigosa.
Afinal, no que toca a dados, mais cedo ou mais tarde todos acabam por pertencer a um de dois grupos: os que suspiram de alívio por terem um backup, e os que lamentam amargamente não o ter feito. A Coreia do Sul aprendeu esta lição da forma mais dispendiosa possível.











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