
Se cresceu nos anos 90 ou no início dos anos 2000 e via DVDs, é quase impossível que não se lembre do famoso anúncio "A Pirataria é um Crime". Sim, aquele que começava com a frase "Não roubarias um carro" e rapidamente escalava, comparando o download de ficheiros ao roubo de malas, televisores e, claro, automóveis.
Esse anúncio, com a sua montagem dramática e música sinistra, ficou gravado na consciência pública e tornou-se um meme lendário. No entanto, a sua origem sempre esteve envolta em mistério. O interesse neste anúncio ressurgiu este ano, após a descoberta de uma ironia deliciosa: a fonte (tipo de letra) usada nos títulos do anúncio era, ela própria, uma cópia pirata.
A investigação francesa
Este toque irónico levou dois jornalistas franceses, Nicolas Delage e Christophe Wilson, a unir forças para descobrir quem estava por trás da icónica campanha de 2004.
O anúncio utilizou uma versão "clone" da fonte, chamada XBand-Rough, em vez de comprar a original FF Confidential, criada por Just Van Rossum. Quando contactado pelo TorrentFreak sobre esta revelação, Van Rossum achou o facto "hilariante".
Impulsionado por esta descoberta, Delage iniciou uma caça aos criadores, documentando todo o processo num vídeo de investigação no YouTube. As tentativas iniciais de usar reconhecimento facial ou pesquisa inversa de imagem nos atores não levaram a lado nenhum.
A descoberta: De Los Angeles à Warner Bros.
No entanto, a pesquisa inversa de imagem acabou por dar a primeira pista sólida: o anúncio foi filmado em Los Angeles, nos cenários exteriores (backlots) dos Paramount Studios.
Mantendo a investigação, a dupla de jornalistas fez uma descoberta crucial. O anúncio não foi produzido pela Paramount, mas sim pela Warner Bros., através de um departamento criativo interno chamado "The Idea Place".
Os criadores quebram o silêncio
Com esta informação, Delage e Wilson conseguiram finalmente contactar as pessoas por trás do anúncio. Entrevistaram Ricky Mintz, o diretor criativo da "The Idea Place" e o cérebro por trás da campanha, bem como o designer gráfico Scott Ellman e o editor Terry Paul.
Em conversa com Delage, Mintz admitiu que, na altura, ninguém na equipa tinha noção do fenómeno cultural em que o anúncio se tornaria. "Quando o filmámos, pareceu-nos normal", explicou Mintz. "Depois de brincar com a música, o estilo, os gráficos e tal, decidimos torná-lo um pouco mais edgy (provocador)."










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