
Prepare as câmaras e os filtros solares, porque o céu português está prestes a oferecer um espetáculo que não se via há mais de um século. O dia 12 de agosto de 2026 ficará marcado na história da astronomia nacional com o regresso de um eclipse total do Sol a Portugal continental, um evento que promete transformar o dia em noite e que já está a gerar enorme expectativa na comunidade científica e entre os entusiastas.
O último registo de um fenómeno semelhante em território nacional remonta a 1912, e quem perder esta oportunidade terá de esperar até ao longínquo ano de 2144 para voltar a presenciar tal alinhamento cósmico.
Onde ver o eclipse total e parcial
Embora o fenómeno seja visível em todo o território, a experiência será diferente consoante a localização geográfica. A "zona zero" deste evento será o Parque Natural de Montesinho, em Bragança. É nesta região do nordeste transmontano que a magia acontece na sua plenitude: durante cerca de 26 segundos, o disco solar ficará completamente oculto pela Lua, mergulhando a paisagem numa escuridão momentânea.
O eclipse de 2026 percorrerá uma faixa estreita que começa no Ártico, passa pela Gronelândia, Islândia e Espanha, tocando Portugal nessa zona raiana. No entanto, o resto do país não ficará de fora, assistindo a um eclipse parcial bastante significativo.
Números e horários do fenómeno
O evento astronómico ocorrerá ao final da tarde, num horário nobre para a observação. Prevê-se que o fenómeno decorra entre as 19h00 e as 21h00, atingindo o seu pico por volta das 20h00. É neste momento que a Terra, a Lua e o Sol estarão num alinhamento perfeito.
Segundo os dados partilhados por Rui Jorge Agostinho, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, à agência Lusa, o grau de obscurecimento será impressionante mesmo fora da zona de totalidade:
Porto: 98,2%
Lisboa: 94,5%
Faro: 92,7%
Nos arquipélagos, a cobertura será menor, mas ainda assim visível, com o Funchal a registar 77,5% e Ponta Delgada 76,9%. Além da redução drástica da luz solar, espera-se uma descida imediata da temperatura e alterações no comportamento da fauna, que instintivamente se prepara para o repouso noturno perante o desaparecimento do astro-rei.
Segurança ocular acima de tudo
A beleza do fenómeno não deve fazer esquecer os perigos graves para a visão. A observação direta do Sol, sem proteção adequada, é estritamente proibida e perigosa. Olhar para o Sol, mesmo quando parcialmente coberto, pode provocar queimaduras irreversíveis na retina, resultando numa perda de visão sem possibilidade de recuperação.
Para desfrutar do eclipse em segurança, é obrigatório o uso de filtros solares oculares certificados. Mesmo com proteção, a recomendação é fazer pausas frequentes e nunca observar o astro por mais de 30 segundos consecutivos.
Para quem não possui equipamento profissional, a tecnologia "analógica" continua a ser a mais segura: a projeção indireta. Utilizando duas folhas de cartolina — uma preta com um pequeno furo e uma branca como ecrã — é possível projetar a imagem do Sol de forma segura e acompanhar a evolução do eclipse sem colocar os olhos em risco.