A Epic Games já pensa no futuro e confirmou oficialmente o desenvolvimento do Unreal Engine 6 (UE6). No entanto, os jogadores e developers terão de esperar, pois a sua chegada ao mercado ainda levará algum tempo. Durante uma conversa no podcast de Lex Fridman, Tim Sweeney, CEO e fundador da Epic Games, partilhou os primeiros detalhes sobre a próxima geração do seu popular motor gráfico, focando-se na unificação, facilidade de uso e desempenho.
Segundo Sweeney, o lançamento oficial do UE6 ainda está distante, com uma versão prévia (preview) esperada apenas daqui a dois ou três anos. Apesar disso, a visão da Epic para a nova tecnologia já está bem definida: maior integração e simplificação para os criadores.
Unificação é a palavra de ordem
Um dos principais objetivos do Unreal Engine 6 será fundir os caminhos de desenvolvimento que atualmente existem em paralelo dentro da Epic Games. Hoje, o Unreal Engine 5 (UE5) divide-se essencialmente em duas vertentes: uma mais orientada para os estúdios de videojogos tradicionais e outra dedicada à vasta comunidade de criadores do Fortnite (UEFN - Unreal Editor for Fortnite). Esta separação significa que muitos recursos avançados não estão disponíveis em ambas as frentes, dificultando a padronização.
Sweeney explicou que a complexidade de adaptar todas as funcionalidades do UE5 para as sete plataformas onde o Fortnite está presente levou a esta bifurcação. Com o UE6, a Epic pretende resolver esta questão, consolidando todos os avanços tecnológicos numa única base robusta, acessível e verdadeiramente multiplataforma.
Desenvolvimento multiplataforma simplificado
Outro pilar fundamental do Unreal Engine 6 será a otimização do fluxo de trabalho para lançamentos em diversas plataformas. A meta, de acordo com Tim Sweeney, é permitir que os estúdios criem os seus jogos uma única vez e consigam distribuí-los por diferentes consolas e PCs com menos necessidade de ajustes técnicos específicos para cada uma. Uma arquitetura mais modular e escalável tornará esta flexibilidade possível.
Adicionalmente, a integração com o Fortnite será ainda mais profunda. Jogos independentes desenvolvidos com o UE6 poderão utilizar diretamente elementos, assets e funcionalidades do universo Fortnite. O inverso também será verdade: conteúdos de jogos externos poderão ser integrados no ambiente criativo (sandbox) da Epic, abrindo novas portas para modelos de negócio, monetização e colaboração entre estúdios.
Salto de performance com multithreading
O desempenho e a otimização são outras áreas críticas que o Unreal Engine 6 pretende melhorar significativamente. Tim Sweeney identificou um dos principais estrangulamentos do motor atual: a forma como a simulação do jogo é processada. O UE5 ainda recorre, em grande parte, a uma abordagem single-threaded, o que significa que, mesmo em processadores com múltiplos núcleos, apenas um é primariamente responsável pela simulação principal. Embora simplifique certos aspetos do desenvolvimento, isto limita o desempenho e a capacidade de escalar os jogos.
O Unreal Engine 6 irá finalmente ultrapassar esta limitação, adotando uma arquitetura com suporte completo a multithreading. Isto permitirá tirar partido de todo o potencial dos processadores modernos, distribuindo a carga de trabalho por vários núcleos e oferecendo ganhos substanciais de performance, especialmente notórios em jogos complexos e de mundo aberto.
Horizonte temporal: Paciência é necessária
Apesar do entusiasmo em torno destas novidades, será preciso ter paciência. Se o cronograma do Unreal Engine 6 seguir os passos do UE5, a versão final ainda demorará vários anos a chegar aos jogos. O UE5 teve a sua primeira demonstração em 2020 e só começou a ser utilizado em títulos comerciais relevantes entre 2022 e 2023, como Remnant II e Lords of the Fallen.
Tim Sweeney estima que as primeiras versões prévias do UE6 comecem a surgir dentro de dois a três anos. Com base nisto, é provável que os primeiros jogos a tirar partido do novo motor gráfico só apareçam no final da década, talvez entre 2028 e 2029, potencialmente já na próxima geração de consolas.
Até lá, espera-se que os estúdios recebam acesso antecipado a versões de teste para experimentação e feedback, um passo crucial para garantir a estabilidade. Felizmente, Sweeney indicou que o UE6 será uma evolução natural do motor atual, o que deverá facilitar a transição para os developers que já dominam as ferramentas da Epic Games.
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