As fabricantes de automóveis chinesas estão a tomar medidas sem precedentes para combater as campanhas maliciosas de "PR Negra" que têm vindo a atormentar cada vez mais a indústria. Empresas como a BYD, Li Auto, Zeekr e Deepal lançaram recentemente contra-medidas agressivas, chegando a oferecer recompensas de até 5 milhões de yuan (cerca de 640.000 euros) por provas que levem à identificação dos responsáveis pela disseminação de informações falsas.
O crescente flagelo da "PR Negra" na indústria automóvel
O fenómeno da "PR Negra" envolve campanhas de difamação organizadas, onde "exércitos de trolls da internet" pagos inundam as redes sociais com conteúdo fabricado e prejudicial sobre marcas concorrentes. Estas campanhas podem danificar significativamente a reputação de uma empresa e ter um impacto direto nas vendas. Segundo fontes da indústria, um único mês de publicidade negativa pode custar a uma fabricante automóvel milhares de milhões de yuan em vendas perdidas.
Um executivo do setor automóvel revelou que "atrasar um concorrente por apenas um dia com tópicos negativos em destaque pode ajudar a garantir mais mil encomendas de veículos". No início deste ano, durante uma batalha de vendas entre dois modelos de veículos, ambas as empresas detetaram mais de 700 artigos de ataque, incluindo "falsas queixas de qualidade" e "testes comparativos maliciosos".
Contra-ataque feroz: Recompensas e ações legais em marcha
A Deepal Automotive anunciou recentemente a criação de um "Fundo de Defesa" para proteger a reputação da sua marca. Ao mesmo tempo, a Avatr (outra subsidiária da Changan Auto) informou ter recebido quase 200 denúncias desde o lançamento da sua iniciativa anti-"PR Negra" em abril último.
Outras empresas que estão a tomar medidas semelhantes incluem:
- Zeekr: Abriu um concurso público para serviços de proteção de reputação e oferece recompensas de até 5 milhões de yuan (aproximadamente 640.000 euros).
- Nio: Está a solicitar provas com recompensas que variam entre 10.000 e 1 milhão de yuan (entre cerca de 1.280 e 128.000 euros).
- BYD: Processou com sucesso o influenciador digital "Longzhu-Jiche" (龙猪-集车) por difamação, ganhando uma indemnização de aproximadamente 2 milhões de yuan (cerca de 256.000 euros).
Um problema que escala: A indústria e as autoridades reagem
O problema tornou-se tão grave que o fundador da Nio, William Li, comentou que os "exércitos de trolls negros ganham dinheiro mais facilmente do que a fabricação de automóveis". Alegadamente, alguns pacotes de "PR Negra" custam dezenas de milhares de yuan, com taxas mais elevadas cobradas se os tópicos se tornarem virais nas redes sociais.
Em 2023, a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis juntou-se a 14 fabricantes para emitir um compromisso contra o emprego de trolls da internet. Mais recentemente, no Fórum China EV100 de 2025, um responsável da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China enfatizou a necessidade de corrigir a desordem na indústria, desde difamações maliciosas a publicidade enganosa.
Em busca de soluções: Regulamentação mais apertada no horizonte
Os especialistas sugerem que as autoridades reguladoras reforcem a fiscalização e imponham penalidades severas em casos exemplares para dissuadir os infratores. As associações do setor poderiam também estabelecer acordos de autodisciplina para restringir comportamentos de marketing impróprios e restaurar a concorrência comercial normal.
Nenhum comentário
Seja o primeiro!