
Com a revisão das metas de emissões da União Europeia (UE) no horizonte, a Associação Europeia dos Fabricantes de Automóveis (ACEA) está a pressionar os reguladores para abrandarem os objetivos traçados para 2030 e 2035. A associação, que representa as principais marcas do continente, argumenta que as metas atuais são irrealistas, apesar dos avultados investimentos na eletrificação, e que o seu incumprimento poderá resultar em multas que podem atingir os 25 mil milhões de euros.
A reunião para rever as metas foi antecipada para o final deste ano, mas ainda não há datas concretas.
O ritmo de eletrificação não chega
Segundo os dados da ACEA, o ritmo de adoção de veículos elétricos está longe do necessário para cumprir as exigências da UE. Até agosto, a quota de mercado de veículos elétricos na União Europeia era de apenas 15,8% nos automóveis de passageiros, 8,5% nos comerciais ligeiros e uns modestos 3,6% nos pesados de mercadorias.
A manter-se esta tendência, analistas independentes, em declarações à Automotive News Europe, preveem que em 2035 a quota de carros elétricos atinja apenas 63%, um valor muito distante dos 100% exigidos pela legislação. "Há, portanto, uma forte razão para recalibrar o atual trajeto de redução de dióxido de carbono", defende a ACEA.
O impossível cenário dos pesados
Se o cumprimento das metas para os veículos ligeiros já se afigura complicado, no setor dos transportes pesados a tarefa roça o impossível. A ACEA alerta que a descarbonização está em risco devido à falta de condições essenciais, como infraestruturas de carregamento adequadas e paridade de custos de propriedade (TCO) entre os camiões elétricos e os movidos a Diesel.
Curiosamente, a associação destaca o desempenho de países como a Noruega (12,6% de quota em 2024) e a Suíça (11,6%), que, não pertencendo à UE, oferecem condições mais favoráveis, sugerindo que o problema reside nas políticas do próprio bloco europeu.
As propostas para aliviar a pressão
Para evitar o cenário de multas pesadas, a ACEA propõe uma série de medidas para flexibilizar as metas. À semelhança do que já foi feito para 2025, a associação sugere que os objetivos para 2030 sejam calculados com base na média das emissões registadas entre 2028 e 2032.
Outras propostas incluem a atribuição de créditos extra a carros elétricos compactos, dar mais relevância aos híbridos plug-in e equiparar os combustíveis neutros em carbono, como os biocombustíveis e sintéticos, aos veículos elétricos. No entanto, várias organizações ambientais já criticaram estas sugestões, com a Transport & Environment a alertar que tais lacunas poderiam fazer com que os fabricantes só precisassem de atingir uma quota de 52% de elétricos até 2035, comprometendo o fim dos carros a combustão para 2035.











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