Uma comunicação interna da Meta, recentemente divulgada, revela que a administração da empresa está a exigir que os gestores classifiquem uma percentagem superior de funcionários na categoria de "abaixo das expectativas". Embora este sistema de avaliação de desempenho já exista há algum tempo na Meta, tal como em outras gigantes tecnológicas como a Google, a novidade reside no aumento do número de colaboradores que se pretende incluir nestas listas.
Esta medida parece alinhar-se com a declaração anterior de Mark Zuckerberg sobre a entrada da empresa numa "era de eficiência", uma fase que implicou inevitavelmente a redução de pessoal. Contudo, a intensificação desta prática já gerou controvérsia, com ex-funcionários, entretanto despedidos, a partilharem as suas perspetivas sobre os verdadeiros mecanismos por detrás deste sistema de classificação.
Memorando interno intensifica pressão sobre avaliações
Segundo um memorando partilhado no fórum interno da Meta a 14 de maio, ao qual o Business Insider teve acesso, a empresa instrui os seus gestores a aplicar a etiqueta "abaixo das expectativas" a um número acrescido de trabalhadores nas avaliações de desempenho intercalares deste ano. Esta categoria destina-se a identificar os colaboradores com o rendimento considerado mais baixo.
A prática não é nova, mas a exigência intensificou-se. Para equipas com 150 ou mais elementos, a Meta pretende agora que entre 15% a 20% dos funcionários sejam colocados nesta categoria inferior. No ano anterior, a percentagem solicitada situava-se entre os 12% e os 15%. Já em 2022, registou-se um aumento significativo no número de empregados incluídos nesta classificação.
Novos despedimentos no horizonte?
A comunicação interna da Meta sugere ainda que o processo de avaliação de desempenho intercalar representa "uma oportunidade para tomar decisões de saída". Apesar de afirmarem que não haverá despedimentos por baixo rendimento generalizados em toda a empresa, ao contrário do que ocorreu no início de 2025, a expectativa é que os líderes efetuem uma gestão ativa do desempenho dos seus trabalhadores, o que pode implicar dispensas.
Mark Zuckerberg já havia explicado anteriormente a lógica por detrás dos despedimentos em massa no setor: "As empresas descobriram como ser mais eficientes com menos gente". Estas declarações surgiram após a Meta ter dispensado 21.000 pessoas em diversas vagas de despedimentos. Embora a empresa esteja atualmente focada no desenvolvimento da sua inteligência artificial para competir com o ChatGPT, voltou a realizar despedimentos no início de 2025.
A versão dos ex-funcionários: Despedimentos disfarçados?
Muitos ex-colaboradores da Meta partilharam em março que, na sua opinião, os despedimentos ocorreram após terem usufruído de licenças de doença, maternidade ou paternidade, por trabalharem remotamente ou por gozarem as suas férias. As redes sociais, como o LinkedIn, foram inundadas por publicações destes trabalhadores, que alegam que a classificação de "baixo rendimento" foi atribuída a quem exerceu os seus direitos laborais, como cuidar de recém-nascidos ou recuperar de doença.
"Despedimentos silenciosos": Uma tática em cima da mesa?
Tem vindo a ganhar destaque o conceito de "despedimento silencioso". Nesta abordagem, a empresa não comunica diretamente ao funcionário que está despedido. Em vez disso, pode atribuir-lhe tarefas monótonas ou posições onde este não se sinta valorizado, na expectativa de que o próprio trabalhador acabe por abandonar o posto. Um tratamento menos favorável pode também ser uma forma de incentivar a saída voluntária.
Critérios e calendário das novas avaliações
De acordo com as diretrizes da Meta, os gestores podem classificar como "abaixo das expectativas" os funcionários que tenham sido formalmente sancionados nos últimos seis meses ou que tenham estado sob um plano de gestão de desempenho. O processo de revisão tem início previsto para 16 de junho, com as conversas entre gestores e funcionários sobre o desempenho agendadas para julho e agosto.
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