Numa medida que está a deixar muitos entusiastas da exploração espacial nostálgicos, a NASA anunciou que vai encerrar várias das suas contas de redes sociais, incluindo a popular e acarinhada conta oficial do rover Mars Curiosity na plataforma X (anteriormente Twitter). A agência espacial justifica a decisão como uma forma de tornar o seu trabalho "mais acessível ao público, evitando o potencial de sobressaturação ou confusão".
Menos contas, mais foco: a nova estratégia da NASA
Este "projeto de consolidação das redes sociais" visa otimizar a presença digital da NASA, que atualmente se espalha por mais de 400 contas individuais em 15 plataformas diferentes. Numa fase inicial, a agência está a focar-se na plataforma X, onde dezenas de contas associadas a missões e áreas de investigação específicas serão arquivadas ou fundidas.
Até agora, 29 contas estão na lista para serem consolidadas. Entre as mais notáveis estão a @MarsCuriosity e a @NASAPersevere, as duas contas dedicadas aos rovers que exploram a superfície de Marte. Todas as novidades e descobertas de ambas as missões passarão a ser comunicadas através de uma conta mais geral, a @NASAMars. Segundo a agência, algumas contas serão também "rebatizadas para se alinharem melhor com a nova estrutura estratégica", refletindo um âmbito mais vasto.
O fim de uma era e a perda de "personalidade"
Embora a tentativa de otimizar uma presença online tão vasta seja compreensível, a comunidade de seguidores lamenta a perda de especificidade. A conta do Curiosity era particularmente amada pela forma como "dava voz" ao rover, criando uma ligação quase pessoal com o público e tornando a complexa investigação em Marte mais fácil de acompanhar e sentir. A "personalidade" única da conta foi um fator chave para popularizar a missão junto de milhões de pessoas em todo o mundo.
A centralização da comunicação numa conta mais genérica, embora eficiente, corre o risco de diluir o carisma que tornava cada missão única aos olhos do público.
Um reflexo de tempos mais austeros?
Esta reorganização digital pode, no entanto, ser um sintoma de um problema maior que se avizinha: a falta de recursos. A medida surge numa altura em que se discutem cortes significativos no financiamento da agência. A proposta de orçamento para 2026 da administração Trump, por exemplo, inclui um corte de aproximadamente 6 mil milhões de dólares para a NASA.
De acordo com o jornal The Washington Post, esta limitação de recursos poderá forçar o cancelamento de múltiplas missões planeadas. Entre as potenciais vítimas estão o envio de uma sonda para Vénus, uma missão para recolher amostras minerais de asteroides e um projeto em colaboração com a Agência Espacial Europeia para estudar ondas gravitacionais. A consolidação das redes sociais pode ser, assim, apenas o primeiro passo de uma NASA a preparar-se para um futuro com muito menos recursos.
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