
Uma mulher do Arizona, de 50 anos, foi condenada a 102 meses de prisão após se declarar culpada do seu envolvimento num esquema complexo que permitiu a trabalhadores de TI (Tecnologias de Informação) da Coreia do Norte infiltrarem-se em 309 empresas norte-americanas, incluindo várias da lista Fortune 500. Christina Marie Chapman foi uma peça central numa operação que gerou mais de 17 milhões de dólares em receitas ilícitas.
A "quinta de portáteis" no Arizona
De acordo com os documentos do tribunal, entre outubro de 2020 e outubro de 2023, Chapman montou e operou uma "quinta de portáteis" na sua própria casa. Ela recebia e alojava os computadores das empresas norte-americanas que contratavam os trabalhadores, fazendo com que os dispositivos parecessem estar localizados nos Estados Unidos.
Esta fraude permitiu que os norte-coreanos fossem contratados como programadores remotos de software e aplicações por empresas de alto perfil, incluindo uma companhia do setor aeroespacial e de defesa, uma grande cadeia de televisão e uma proeminente empresa de tecnologia de Silicon Valley.
O Departamento de Justiça norte-americano explicou que "Chapman operava uma 'quinta de portáteis' onde recebia e alojava computadores das empresas dos EUA em sua casa, para que as empresas acreditassem que os trabalhadores estavam nos Estados Unidos".
Uma rede de cúmplices e milhões em receitas ilícitas
Chapman não atuou sozinha. Em maio, foi acusada juntamente com o cidadão ucraniano Oleksandr Didenko por roubo de identidade agravado, conspiração para defraudar os Estados Unidos e conspiração para cometer lavagem de dinheiro, fraude eletrónica, fraude de identidade e fraude bancária. Didenko geria uma plataforma online chamada UpWorkSell, entretanto apreendida pelas autoridades, que fornecia serviços para que os norte-coreanos pudessem usar identidades falsas na procura de empregos remotos.
Outros três cidadãos estrangeiros, conhecidos apenas pelos seus pseudónimos (Jiho Han, Haoran Xu e Chunji Jin), foram também acusados de conspiração para cometer lavagem de dinheiro como parte do mesmo grupo criminoso. O esquema resultou na angariação de mais de 17 milhões de dólares, pagos pelo trabalho dos norte-coreanos, valor que era partilhado com Chapman, que processava os ordenados através das suas contas bancárias.
A resposta das autoridades norte-americanas
A investigação revelou ainda a dimensão logística da operação. Chapman enviou 49 portáteis e outros dispositivos fornecidos pelas empresas norte-americanas para locais no estrangeiro, incluindo múltiplos envios para uma cidade na China, na fronteira com a Coreia do Norte. Na sequência de um mandado de busca executado em outubro de 2023, mais de 90 portáteis foram apreendidos na sua residência.
Paralelamente à sentença de Chapman, o Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro dos EUA sancionou uma empresa de fachada norte-coreana e três indivíduos associados a esquemas fraudulentos de trabalhadores de TI.
Nas últimas semanas, o Departamento de Justiça tem desmantelado uma vasta rede de indivíduos que ajudavam trabalhadores norte-coreanos a obter empregos remotos em empresas dos EUA, enquanto o FBI atualizou as suas diretrizes para as empresas americanas, alertando para este tipo de esquemas.










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