Numa operação descrita como um duro golpe contra a pirataria audiovisual na América Latina, as autoridades argentinas detiveram o fundador do site “Al Angulo TV”. A plataforma era conhecida pela retransmissão ilegal de uma vasta gama de eventos desportivos, incluindo jogos de futebol nacionais e internacionais e provas de Fórmula 1.
A detenção ocorreu na sequência de um mandado de busca à residência do acusado, na cidade de Paraná. Durante a operação, foram apreendidos computadores, telemóveis e outros equipamentos tecnológicos utilizados para manter a rede ilegal em funcionamento. A investigação foi impulsionada pela Aliança Contra a Pirataria Audiovisual (ALIANZA), em estreita colaboração com a La Liga.
Um império ilegal com 14 domínios e uma app popular
A investigação conjunta permitiu desvendar o modus operandi da rede, que se baseava em cerca de 14 domínios espelho para replicar e distribuir os conteúdos roubados. Para além dos sites, o “Al Angulo TV” tinha lançado recentemente uma aplicação para Android, que rapidamente alcançou uma enorme popularidade em toda a Argentina.
Juntamente com a aplicação “MAGIS TV”, também desmantelada recentemente, o “Al Angulo TV” era considerado um dos dois principais canais de distribuição de conteúdos pirata no país, demonstrando a escala e o impacto da sua operação ilegal.
Publicidade perigosa e lucros com criptomoedas
O modelo de negócio da plataforma não se limitava a distribuir conteúdo ilegalmente. De acordo com o processo, tanto os sites como a aplicação foram configurados para gerar receitas através de estruturas de publicidade informal. Este método não só financiava a operação, como também colocava os utilizadores em sério risco, expondo-os a ameaças como a instalação de malware nos seus dispositivos e ao roubo de dados pessoais.
Para gerir os fundos recolhidos, o acusado recorria a carteiras virtuais e criptomoedas, que também foram apreendidas durante a operação policial.
“Ninguém me apanha”: a arrogância online que acabou em detenção
O fundador da rede operava nas redes sociais sob o pseudónimo “Shishi”, principalmente na plataforma X (anteriormente Twitter). Com uma atitude desafiadora, gabava-se dos seus 100.000 seguidores e afirmava publicamente que sabia o que estava a fazer, mas que “ninguém o apanharia”.
No entanto, uma investigação digital exaustiva, com o apoio técnico da indústria audiovisual, permitiu aos investigadores concluir que “Shishi” era, de facto, o fundador e único proprietário da rede “alangulotv”, centralizando toda a operação de difusão clandestina e as estratégias de monetização que levaram à sua detenção.
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