Dois adolescentes de 17 anos foram detidos na passada segunda-feira pela polícia neerlandesa, suspeitos de estarem envolvidos em atividades de espionagem para a Rússia. A operação, que chocou a comunidade local, revela uma nova e preocupante tática de recrutamento por parte dos serviços secretos russos.
Espionagem tecnológica com alvos de peso
Segundo o jornal De Telegraaf, os jovens utilizaram um dispositivo conhecido como "WiFi sniffer" nas proximidades de locais estratégicos em Haia, incluindo as sedes da Europol e da Eurojust, bem como a embaixada do Canadá. Estes aparelhos são capazes de intercetar e analisar o tráfego de redes sem fios, identificando redes e capturando dados que nelas circulam, sendo uma ferramenta comum na fase de reconhecimento de um ataque informático.
A Europol confirmou o incidente, mas garantiu que não há qualquer indicação de que os seus sistemas tenham sido comprometidos. "A Europol possui uma infraestrutura de segurança robusta e não há qualquer indicação de que os nossos sistemas tenham sido comprometidos", afirmou um porta-voz da agência.
Recrutamento via Telegram e o choque das famílias
A detenção dos dois jovens ocorreu após uma denúncia do serviço de inteligência e segurança dos Países Baixos (AIVD). A investigação revelou que os adolescentes foram recrutados através da popular aplicação de mensagens Telegram.
A notícia apanhou as famílias de surpresa. O pai de um dos detidos, em declarações ao jornal neerlandês, mostrou-se incrédulo. "Educamos os nossos filhos para os perigos da vida: fumar, vaping, álcool e drogas. Mas não para algo assim. Quem consideraria isto um risco?", desabafou. Um dos jovens terá sido detido em casa enquanto terminava os trabalhos de casa, com os pais completamente alheios às suas atividades de espionagem.
Devido à gravidade das acusações, os dois adolescentes permanecerão detidos por pelo menos duas semanas enquanto a investigação prossegue.
Uma nova frente na guerra de informações
Este caso representa uma escalada significativa face a outros incidentes na Europa, como na Alemanha, onde jovens foram pagos por agentes russos para cometer atos de vandalismo e sabotagem em infraestruturas críticas. A utilização de adolescentes em tarefas de espionagem tecnológica revela uma estratégia mais sofisticada e alarmante.
Os piratas informáticos russos já demonstraram a sua capacidade de explorar redes Wi-Fi remotamente. Um relatório de 2024 da Volexity detalhou como o grupo APT28 conseguiu comprometer uma empresa norte-americana através da sua rede Wi-Fi empresarial, explorando a proximidade de outra organização dentro do alcance do sinal.
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