
Muitos profissionais, especialmente na área da tecnologia, vivem com o receio de que o seu currículo, cuidadosamente preparado, seja eliminado por um sistema automático (ATS - Applicant Tracking System) ou uma Inteligência Artificial antes mesmo de chegar a olhos humanos. No entanto, um novo estudo da Enhancv vem desafiar esta ideia. Após entrevistar 25 recrutadores e profissionais de Recursos Humanos (RH) nos EUA, a conclusão é clara: 92% afirmaram que os seus sistemas não rejeitam automaticamente currículos com base na formatação ou no conteúdo.
O verdadeiro "inimigo" não é o software
Então, porque é que tantos candidatos sentem que são ignorados? Os recrutadores apontam o dedo ao volume esmagador de candidaturas e ao timing da submissão. Posições de nível inicial podem atrair entre 400 a 600 candidaturas em poucos dias, e algumas vagas de tecnologia ou apoio ao cliente chegam às 2.000.
Sob esta pressão, muitos recrutadores analisam os CVs por ordem de chegada e pausam as ofertas assim que atingem um número suficiente de candidatos viáveis. Mais de metade dos participantes no estudo referiu que candidatar-se cedo melhora a visibilidade, pois a triagem começa frequentemente nos primeiros três dias.
A IA e os ATS são mais organizadores do que carrascos
O estudo, intitulado The ATS Rejection Myth, revela que as plataformas ATS modernas funcionam mais como ferramentas de organização do que como porteiros. Apenas uma pequena minoria (8%, ou dois dos 25 recrutadores) usava sistemas como o Bullhorn e o BambooHR para aplicar filtros de correspondência rigorosos ou rejeitar automaticamente CVs por falta de competências.
Os restantes 92% reportaram que a revisão dos currículos é um processo manual. As pontuações de correspondência geradas por IA, uma funcionalidade recente em muitos destes sistemas, também parecem ter uma influência limitada. Embora 44% dos recrutadores afirmem que o seu software inclui essa ferramenta, mais de metade desativa-a ou simplesmente ignora os resultados. Apenas 8% tratam essa pontuação como decisiva, usando-a mais como um auxílio de triagem antes da revisão humana.
De onde vem este mito?
A investigação também procurou saber porque é que este mito persiste. 68% dos recrutadores acreditam que as publicações em redes sociais como o LinkedIn e o TikTok são responsáveis por espalhar desinformação. Outros culpam blogues de carreira e títulos sensacionalistas. Vários participantes referiram que esta narrativa alimenta as vendas de serviços "à prova de ATS", que capitalizam a frustração de quem procura emprego.
O que os recrutadores realmente procuram
Questionados sobre o que realmente importa, os profissionais de RH foram unânimes: formatação clara e fácil de "scanar" (ler rapidamente), experiência relevante e apresentação concisa. Currículos excessivamente estilizados ou gerados por IA foram vistos de forma negativa, enquanto submissões personalizadas e um contacto direto via LinkedIn ajudaram os candidatos a destacar-se.










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