
Os videojogos são, para a maioria, uma forma de entretenimento e escape, mas para grupos extremistas tornaram-se num novo campo de recrutamento e disseminação de ódio. A Europol anunciou uma nova operação conjunta com oito países europeus, incluindo Portugal, com o objetivo de identificar e remover propaganda terrorista, racista e xenófoba destas plataformas.
Esta ação, designada como "Referral Action Day", contou com a participação de autoridades da Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos, Espanha, Reino Unido e, claro, Portugal. O foco foi combater a radicalização online, um fenómeno que tem encontrado terreno fértil nos ambientes digitais de convívio e competição.
Números que preocupam
Os resultados desta operação sublinham a dimensão do problema. As autoridades identificaram e referenciaram milhares de endereços web (URLs) que conduziam a material ilícito e perigoso. Segundo os dados revelados, foram detetados:
5.408 ligações para conteúdos jihadistas;
1.070 ligações associadas a terrorismo e extremismo violento de direita;
105 ligações com conteúdos racistas e xenófobos.
A Europol destaca que a criação e disseminação deste tipo de material é complexa e multifacetada, aproveitando-se das funcionalidades interativas dos jogos modernos.
Como os extremistas usam os jogos
O método descrito pelas autoridades revela uma adaptação preocupante às novas tecnologias. O material de propaganda é muitas vezes gravado diretamente dentro de um jogo online ou através das suas funções de chat. Posteriormente, este conteúdo é editado e alterado com jargão extremista, emojis sugestivos ou música específica, sendo depois partilhado em redes sociais convencionais para alcançar um público mais vasto.
Ainda mais perturbador é o facto de, por vezes, estes grupos recriarem ataques terroristas, tiroteios em escolas ou cenas de execução utilizando a jogabilidade 3D dos próprios títulos, editando as imagens para fins de propaganda.
O perigo para os mais jovens
Uma das descobertas mais alarmantes desta operação é a forma como as plataformas de jogos estão a ser utilizadas para recrutar menores para grupos extremistas violentos. Além do recrutamento, estes serviços têm sido usados para transmitir em direto ataques reais e suicídios.
A Europol encontrou conteúdos ilícitos em vários tipos de plataformas, incluindo serviços de transmissão de jogabilidade, vídeo a pedido (VOD) e trocas comunitárias. A iniciativa de visar especificamente o universo do gaming surgiu após as autoridades de toda a Europa terem notado um aumento no uso indevido destes canais para fins de radicalização.
Num mundo onde qualquer pessoa pode transmitir as suas opiniões para milhões de espectadores em segundos, a intervenção das autoridades torna-se crucial para proteger os utilizadores, especialmente os mais jovens, de ideologias violentas.
Mais detalhes sobre o trabalho desenvolvido pela Unidade de Referenciação de Internet da UE (EU IRU) durante 2024 serão divulgados num próximo relatório, conforme indicado pela Europol.










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