
A ambiciosa incursão de Elon Musk na política norte-americana chegou a um fim abrupto e tumultuoso. O Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado com a promessa de revolucionar a despesa pública, foi dissolvido oito meses antes do previsto, deixando para trás um rasto de conflitos internos e objetivos falhados.
O que começou como uma promessa de cortar "biliões" em despesas transformou-se num cenário de instabilidade política. Musk, habituado ao controlo executivo das suas empresas, encontrou em Washington uma resistência que não conseguiu superar, acabando por se afastar progressivamente do cargo entre abril e junho deste ano.
Tensões, conflitos e uma saída turbulenta
A passagem de Musk pela capital norte-americana foi marcada por uma abordagem agressiva, comparável a uma "motosserra" figurativa nos orçamentos e recursos humanos. Esta postura, que visava replicar a eficiência do setor privado, acabou por alienar potenciais aliados políticos. Relatos indicam que o estilo de liderança de Musk causou atritos graves com figuras como o Secretário de Estado Marco Rubio e o Secretário dos Transportes Sean Duffy.
A tensão atingiu o ponto de rutura quando Musk se envolveu numa altercação física com o Secretário do Tesouro, Scott Bessent. No final de maio, a relação com o Presidente Trump já se tinha deteriorado significativamente, levando a Casa Branca a exercer uma pressão cada vez maior sobre a agência. Embora o DOGE usa IA para cortar metade dos regulamentos federais nos EUA fosse uma das premissas iniciais, a realidade prática revelou-se bem mais complexa de gerir do que os algoritmos.
O vácuo de poder e o fim da linha
Com a saída oficial de Musk, o caos instalou-se. Steve Davis, engenheiro e braço direito de Musk há mais de duas décadas, recusou-se inicialmente a abandonar o barco, tentando assumir o controlo da agência. Esta atitude dividiu os funcionários restantes, com Davis a acusar os opositores de estarem a organizar um "golpe" interno.
A Casa Branca interveio rapidamente para erradicar a fação leal a Davis, encerrando a sua tentativa de consolidação de poder em menos de duas semanas. O resultado final desta experiência foi o oposto do pretendido: em vez da redução de despesa prometida, os gastos governamentais aumentaram durante este período. Quando questionada sobre o estado atual do departamento, a resposta obtida pela Reuters foi definitiva: "isso não existe".










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