Antes do TikTok ser o que é hoje, existia uma aplicação da ByteDance mais ou menos reconhecida em certos mercados e conhecida pelo nome de Flipagram. Esta era uma app que permitia aos utilizadores criarem pequenos conteúdos para partilharem com os seus amigos, usando filmes e fotos nos seus dispositivos.
A aplicação foi adquirida pela ByteDance em 2017, tendo operado sobre o nome de Vigo por algum tempo, antes de ser encerrada. A aplicação fez bastante sucesso sobre alguns mercados, mas longe do que a empresa obteve com o TikTok.
No entanto, a empresa encontra-se agora a ser acusada de ter usado conteúdo roubado de outros canais na Flipagram para tentar dar mais visibilidade aos mesmos dentro do seu ecossistema. Segundo revela o portal BuzzFeed News, citando ex-funcionários da ByteDance, a empresa terá usado conteúdos publicados no Instagram, Snapchat e Facebook para divulgar pelo Flipagram em 2017, pouco depois da empresa ter sido adquirida.
Estes conteúdos eram depois publicados sobre falsas contas na plataforma, como “conteúdo original”. Alguns dos funcionários apontam que estes conteúdos terão sido posteriormente usados para ajudar a criar o algoritmo que se encontra hoje no TikTok e na sua versão chinesa Douyin. A empresa estaria a tentar perceber quais os conteúdos mais atrativos para o publico nos EUA, e terá ajustado o código dos algoritmos da altura para o conteúdo que era retirado dos outros serviços sociais.
Os documentos internos que foram divulgados por estes ex-funcionários ao portal demonstram ainda quais os géneros de conteúdos que estariam a ser retirados de outras plataformas e para que fins. Um destes documentos demonstra como vídeos estavam a ser usados para treinar o algoritmo a escolher os conteúdos mais populares para os utilizadores, e com maior possibilidade de se tornarem virais.
Terão também ocorrido situações onde os criadores dos conteúdos originais tinham conhecimento de que os mesmos estariam a ser partilhados na app, sendo os funcionários instruídos a removerem o conteúdo assim que descoberto, eliminarem a conta falsa que o publicou e darem o controlo do mesmo ao utilizador que fazia a denúncia.
Esta situação levanta algumas questões relativamente à forma como o algoritmo atualmente presente nos conteúdos do TikTok poderá ter sido treinado. Apesar de todo o sucesso do TikTok, não existe como negar que uma grande parte do seu crescimento se deve ao excelente algoritmo que a empresa possui – e se este foi treinado por conteúdos noutras plataformas, e ainda mais roubado sem autorização, pode levantar algumas questões complicadas para a empresa.
Em comunicado, a Bytedance refere que o Flipagram trata-se de uma plataforma que está atualmente encerrada e não possui relação com qualquer produto que é atualmente fornecido pela entidade no mercado.
Apesar de, na altura, a plataforma ser vista como um sério rival do Instagram, a ByteDance optou por conjugar o Musical.ly com o TikTok, tendo descontinuado de vez a antiga aplicação em Fevereiro de 2018.
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