A Randstad apresenta o seu mais recente estudo da Randstad Research: “A IA e o mercado de trabalho português”. A análise foi dividida em três blocos: uma revisão de literatura, que recorre a resultados publicados por instituições como o World Economic Forum, a OCDE ou a Goldman Sachs; a perspetiva quantitativa, para o mercado de trabalho português, com a identificação dos efeitos da IA na criação e destruição de emprego e a perspetiva qualitativa, conseguida através de dois inquéritos para compreender a perceção e expetativas das empresas e profissionais portugueses, relativamente à influência da IA nos diferentes setores de atividade.
“Num curto espaço de tempo, a inteligência artificial está a transformar a forma como trabalhamos com impacto direto em diversos setores de atividade. Ao mesmo tempo, a sua entrada cada vez mais massificada faz-nos colocar algumas questões éticas em cima da mesa. A verdade é que a sua utilização tem também efeitos sócio-económicos nomeadamente no que diz respeito ao potencial de ganhos de eficiência, o facto de algumas empresas e trabalhadores poderem beneficiar desta nova tecnologia, mas também a possibilidade de outros perderem os seus empregos com a automatização de tarefas”, comenta Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad.
O impacto será localizado nas tarefas com maior utilização da linguagem
A análise indicou que se espera que o impacto desta tecnologia seja sobretudo nas tarefas com maior utilização da linguagem. Segundo os dados da Goldman Sachs, estima-se que 18% do trabalho poderia ser automatizado pela IA a nível mundial, principalmente nas economias desenvolvidas, impacto que poderia conduzir a um aumento da produtividade e, consequentemente, do PIB mundial anual em 7%.
A análise quantitativa da Randstad constituiu vários grupos, de acordo com o grau de exposição à IA e concluiu que funções profissionais como IT, Finanças; Vendas; Operações; Recursos Humanos; Marketing; Jurídico e Cadeia de abastecimento são as que apresentam o mais alto grau de automatização e atualização, tendo, por isso, um maior grau de exposição.
Ao mesmo tempo, a expansão da IA nas empresas deverá criar novas oportunidades económicas, novas profissões e empregos. A quantificação deste efeito para a próxima década em Portugal mostra a criação de 400 mil de novos postos de trabalho, que não existem atualmente, mas que surgirão em resultado dos efeitos positivos derivados da nova tecnologia. A estimativa do efeito líquido que a IA deixará no emprego do país será ligeiramente negativa, levando a uma perda potencial de cerca de 80,3 mil empregos nos próximos dez anos.
As previsões para a economia portuguesa colocam no topo dos empregos atuais que poderiam estar em risco os setores das atividades administrativas e das atividades informáticas e telecomunicações que poderiam ter potencialmente 18% e 17% dos seus processos automatizados. Por outro lado, os setores em que se espera o maior efeito, em termos percentuais, do referido processo de criação de emprego serão as atividades informáticas e telecomunicações (29% dos novos postos de trabalho) e as atividades de consultoria, científicas e técnicas (14%). Relativamente ao aumento de produtividade estimado, serão os setores das atividades financeiras e de seguros e das atividades informáticas e telecomunicações (36%), seguido das atividades de consultoria, científicas e técnicas (27%).
62% das empresas portuguesas já experimentaram IA, sobretudo para análise de dados; otimização de tarefas administrativas; automatização de processos e atendimento ao cliente
Por fim, a análise qualitativa da Randstad, através de inquéritos a empresas e a colaboradores , efetuada durante o período de janeiro a fevereiro de 2024, mostrou que a maioria das empresas inquiridas em Portugal já utilizam IA, e para uma grande variedade de funções.
Por outro lado, 37,3% das empresas inquiridas (na sua maioria grandes empresas com mais de 250 trabalhadores) ainda não incorporaram a IA em nenhuma das suas atividades. As principais razões desta situação prendem-se com o facto de a IA estar num estado de adaptação recente e, por conseguinte, apresenta ainda problemas, como a falta de precisão ou qualidade dos outputs, segundo as respostas. Além disso, os colaboradores não possuem as competências necessárias para a utilizar e as empresas não encontram aplicações que lhes permitam ser mais produtivos. Finalmente, a legislação relacionada com a AI encontra-se em desenvolvimento e há muitas incertezas relacionadas com a responsabilidade ou a proteção de dados.
“Um dos pontos críticos identificado nesta análise foi o facto de as empresas que introduziram a IA em alguns dos seus processos terem enfrentado desafios em termos de competências. Em 75,8% dos casos, a importância de ter competências tecnológicas especializadas entre os seus trabalhadores aumentou. E, em muitos casos, a importância de outras competências não tecnológicas, que podem complementar estas últimas, também aumentou”, comenta ainda Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal.
As expetativas das empresas são elevadas, uma vez que 72,2% das inquiridas para este estudo acreditam que esta tecnologia irá impulsionar a atividade no seu sector e 82,9% esperam melhorias na sua própria produtividade. Por fim, ainda a destacar que enquanto apenas 13,7% dos inquiridos estão muito preocupados com a possibilidade de perderem o emprego dentro de 12 meses em resultado da adoção progressiva da IA, quando o horizonte temporal é alargado para cinco anos, o nível de preocupação aumenta para 24,8%. Se a análise for feita para um período de 10 anos, 38,2% dos profissionais estão muito preocupados.
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